terça-feira, março 06, 2007

1º BIMESTRE: MESOPOTÂMIA


# Localização: Região do Crescente Fértil, correspondendo aproximadamente ao território do atual Iraque, servia como área de passagem entre o Oriente e Ocidente desde a mais alta Antigüidade. Os rios Tigre e Eufrates garantiam a fertilidade necessária à agricultura, principalmente ao Sul (Suméria e Acádia) da região, enquanto o Norte (Assíria) era mais árido e montanhoso. Ao contrário do rio Nilo, com suas cheias regulares e previsíveis, na Mesopotâmia não raro ocorriam enchentes e secas, daí a necessidade da construção de diques e sistemas de drenagem, além dos já conhecidos canais de irrigação. Além disso, o curso dos rios era instável, podendo causar a ruína de algumas cidades.

# GERAIS: Berço de algumas das primeiras civilizações que se tem registro. Algumas das principais invenções creditadas aos povos da Mesopotâmia são: a escrita (cuneiforme), a roda, comércio, primeiro código de leis escritas, a cidade, o Estado, a burocracia, a biblioteca, a cavalaria como arma de guerra, o primeiro herói (Gilgamesh) e a literatura, divisão do círculo em 360°, o primeiro calendário solar preciso.

# POVOS, IMPÉRIOS e CIVILIZAÇÕES: No período que estamos estudando, floresceram várias civilizações, dentre elas estudaremos: a dos Sumérios e Acádios, a dos Amoritas, a dos Assírios e a dos Caldeus.

I. Sumérios (aproximadamente entre 3500 e 1900 a.C.): Primeira civilização da região, forneceu a base da cultura mesopotâmica. Ao contrário da maioria dos povos da região, os sumérios não eram semitas e sua língua logo deixou de ser usada no dia-a-dia, no entanto, sendo reconhecida como a “língua da cultura”, permaneceu sendo utilizada na escrita, graças ao trabalho dos escribas. Os sumérios nunca formaram uma só unidade política permanecendo separados em cidades-estado que lutavam entre si pela hegemonia. Dentre as cidades-estado mais importantes podemos citar Ur (*a que mais lucrou com a ruína do Império Acádio*), Uruque, Lagash e Nippur. O governante das cidades-estado sumérias era chamado de Patesi e concentrava em suas mãos poderes políticos, religiosos e militares. Era auxiliado em seu governo por um conselho de anciãos. No centro das cidades sumérias havia uma grande construção que lembrava uma pirâmide de degraus conhecida como Zigurate. Essas construções serviam para múltiplas funções, sendo ao mesmo tempo templo, celeiro, banco, centro de governo e observatório astronômico. Os sumérios terminaram se enfraquecendo em virtude das suas lutas internas e das invasões (*gútis, elamitas, entre outros*). Creditam-se aos sumérios a invenção do Estado, do Comércio e da Escrita. Aliás, comércio e escrita estiveram intimamente relacionados, pois os primeiros registros são registros contábeis.

II. 1º Império babilônico (1900-1600 a.C.): Recebe esse nome porque a capital do Império se situava na cidade de Babilônia. O povo semita que fundou o Império era conhecido por Amorita. Quando o Império começa a se estruturar, a civilização suméria ainda existia, mas encontrava-se em decadência. O auge do 1º Império Babilônico é associado à figura do rei Hamurábi (cerca de 1750 a.C.) que conquistou a Suméria e a Assíria e tem sua autoria ligada ao primeiro código de leis escritas de que temos notícias, o chamado Código de Hamurábi também chamada de Lei de Talião. Esse código se baseava no princípio do “Olho por olho, dente por dente”, isto é, na reciprocidade, tendo por base a condição social (livre/escravo), econômica (rico/pobre) e sexual (homem/mulher) dos indivíduos. Muitos crimes eram punidos severamente, com a mutilação e a morte. Sua economia baseava-se na agricultura irrigada; no artesanato do cobre e do estanho, do couro e do vidro; criavam ovelhas, bois e cavalos; além disso, faziam comércio. O 1º Império chegou ao fim com a invasão dos hititas. Eles queimaram a cidade de Babilônia e saquearam a região, mas não permaneceram na região que foi governada por outro povo, os cassitas, que adotaram a cultura da mesopotâmia, por mais de 300 anos.

III. Imperio Assírio (1300-612 a.C.): Os assírios, povo do norte da Mesopotâmia desenvolveu uma cultura belicosa e guerreira, ao mesmo tempo em que foram grandes preservadores e continuadores da cultura iniciada pelos sumérios. O Império Assírio tinha duas cidades principais Assur e Nínive, que funcionavam como capitais. Entre os séculos VIII e VI a.C. expandiram seus domínios anexando a Síria, a Fenícia, a Palestina, toda a Mesopotâmia (725 a.C.), parte da Ásia Menor, chagando a conquistar Tebas, a capital do Egito. Foram os primeiros a criar um exército profissional e usar regularmente a cavalaria. O auge do Império Assírio está ligado ao governo do rei Assurbanipal (668-626 a.C.), conquistador do Egito. Por ordem desse rei foi criada uma biblioteca em Nínive onde foram registrados mitos, lendas, tratados científicos, crônicas de campanhas militares e a história dos assírios e dos povos da região. Os Assírios foram hábeis na arquitetura, escultura e nos baixo relevos que retratavam, especialmente, leões alados, batalhas e caçadas. Grandes conquistadores, os assírios tiveram dificuldades em administrar seu grande império recorrendo constantemente ao terror (*torturas, mutilações, execuções e deportações em massa, destruição de cidades*) para manter o controle dos povos conquistados. Mesmo o terror não impedia as revoltas, assim, em 612 a.C., os caldeus, associados aos medos, destruíram Assur e Nínive pondo fim ao Império Assírio.

IV. 2º Império Babilônico (612-539 a.C.): Com a derrota dos assírios, Babilônia volta a ser a grande capital da Mesopotâmia, só que agora sob o governo dos Caldeus. A economia ainda tinha por base a agricultura irrigada, mas o comércio era uma atividade muito lucrativa. As cidades mais importantes do império, depois da capital eram Uruque, Kish e Nippur. Essas cidades tinham o direito de fundar colônias (outras cidades) normalmente plantadas no caminho das rotas de comércio. O auge do império dos caldeus está ligado à figura do rei Nabucodonosor (604-561 a.C.) que, através da guerra, estendeu as fronteiras do Império. Credita-se também a esse rei a ordem de mandar construir os famosos Jardins Suspensos, considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo. Os caldeus conquistaram e destruíram a cidade de Jerusalém (587 a.C.), capital do Reino de Judá, e levaram parte da população judaica para a Babilônia. O Império dos Caldeus chegou ao fim graças à ação dos persas que conquistaram a Babilônia e submeteram a região.

# SOCIEDADE (Organização Geral): Tinha no seu topo os funcionários do palácio e dos templos (sacerdotes, escribas, administradores das terras reais), a seguir vinham os homens livres em geral (soldados, camponeses, comerciantes, artesãos) e na base estavam os escravos. Estes geralmente eram prisioneiros de guerra e seu número variava de acordo com o número de conquistas. A maioria do trabalho era feita pelos camponeses em regime de servidão coletiva, isto é, os trabalhadores tinham que entregar parte da sua produção ao Estado, que era o dono das terras, tendo também que prestar serviço em obras públicas (construção de diques e canais, monumentos, templos, palácios e, mesmo, no exército) em regime de servidão coletiva.

# Literatura: A grande obra literária dos mesopotâmios é o Gilgamesh – o primeiro grande herói que se conhece, e que se parece com a história bíblica de Noé – além, claro, do Código de Hamurábi.

# Religião: Politeísta e marcada pelo pessimismo em relação à vida após-morte. Os mesopotâmios acreditavam que sua recompensa deveria ser na terra e era comum recorrerem à leitura de sorte que era feita por magos e sacerdotes. Aliás, os deuses teriam criado os humanos para servi-los como escravos, alimentando-os com seus sacrifícios e honrando-os com grandes construções. Antes dos humanos serem criados, havia uma hierarquia entre os deuses, sendo que os mais fracos serviam aos mais fortes. Os homens foram criados para aliviar o trabalho dos deuses secundários. Dentre as divindades mais cultuadas estavam: Enlil que controlava as chuvas e os trovões e era capaz de grande cólera; Enki; Inana, poderosa deusa da fertilidade, que se fundiu com Ishtar, deusa do amor e da guerra; e Marduk, divindade máxima dos babilônios. Cada cidade tinha um ou mais deuses principais e suas estátuas eram levadas para visitar outros deuses (*em outras cidades*) e podiam ser seqüestradas pelos inimigos. Os povos da Mesopotâmia acreditavam que, se seu deus ou deusa, abandonasse a cidade ou fosse roubado, ocorreriam as piores tragédias.

# NOTAS:

[1] Existem ruínas de cidades que distam vários quilômetros dos rios, mas, um dia, foram banhadas por eles.

[2] Nosso livro não inclui os Acádios, mas foram eles os primeiros a construírem um Estado centralizado na Mesopotâmia (2350-2000 a.C.), durante o período referente aos sumérios. Só que, ao contrário de outras cidades, as ruínas de Acade, grande capital, ainda não foram localizadas. O grande rei dos acádios, Sargão, é considerado um grande herói na antiga Mesopotâmia, uma espécie de rei Arthur: rei vitorioso nas batalhas, governante justo, abençoado pelos deuses e de origem obscura. Assim, como o Moisés bíblico, uma das lendas sobre seu nascimento diz que sua mãe – uma poderosa sacerdotisa – o teria lançado às águas para que não fosse punida por ter tido um filho. Há muitos textos sobre Sargão, o Império Acádio e os feitos de seus sucessores.

[3] A escrita cuneiforme, criada pelos sumérios, foi aprimorada, adaptada, e utilizada nas regiões vizinhas, sendo usada na diplomacia entre vários povos. São encontradas plaquetas em cuneiforme em toda a Mesopotâmias, no Irã (elamitas, persas, medos), na Ásia Menor (hititas), no Egito, e na Síria e Palestina.

[4] Ver resumo sobre persas.

[5] As outras foram: o Colosso de Rhodes, as pirâmides do Egito, o Mausoléu de Halicarnasso, o templo de Diana dos Efésios, a Estátua de Zeus em Olímpia e o Farol de Alexandria.

[6] Ver resumo de hebreus.

[7] Entre os assírios a importância dos soldados e seu lugar na sociedade era mais valorizado.

[8] Marduk substituiu Enlil em muitas narrativas mitológicas durante o II Império, tornando-se o mais poderoso dos deuses do panteão babilônico.

Nenhum comentário: