terça-feira, novembro 24, 2015

Comentando o documentário Filmes Ruins, Árabes Malvados: Como Hollywood Vilificou um Povo (Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People, 2007)


Por sugestão de um colega professor, assisti sábado ao documentário Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People. Não sei se houve um lançamento no Brasil, mas o título no Youtube para o arquivo (mal) legendado em português é Filmes Ruins, Árabes Malvados: Como Hollywood Vilificou um Povo.  Baixei o arquivo no torrent com facilidade e com uma qualidade de imagem bem superior.  Talvez, existam legendas por aí.  Mas vamos lá, acho que vale a pena resenhá-lo, trata-se de um material que pode ser usado – desde que por pessoas com senso crítico e informação para guiar a discussão – com grupos de alunos e alunas e mesmo com adultos.

 documentário foi lançado em 2007, foi dirigido por Sut Jhally e produzido pela Media Education Foundation.  O filme é uma extensão do livro de mesmo nome de Jack Shaheen, que co-roteiriza o filme e é seu narrador.  A idéia do documentário não é discutir, a palavra mais adequada é demonstrar que os árabes são o grupo pior representado no cinema americano.  Segundo o documentário, em se tratando dos árabes, Hollywood seria obcecada pelos três Bs: "belly dancers, billionaire sheiks and bombers" (dançarinas do ventre, bilionários e homens bomba). Os sheiks são perdulários e/ou sequestradores de donzelas e mulheres ocidentais, megalomaníacos; boa parte dos árabes em tela são terroristas cruéis e sem maior caracterização que permita a compreensão de suas motivações; enfim, os árabes em Hollywood são, ora, ridículos, ora, seres que transbordam violência; quanto às mulheres, ou são sombras sem rosto, ou dançarinas do ventre, ou, mais recentemente (*ou nem tanto*), terroristas igualmente cruéis.  

Típica representação artística orientalista.


O filme também defende que o cinema Hollywoodiano ajudou a construir no imaginário coletivo a “Arabland”, um lugar que bebe nas narrativas orientalistas dos viajantes europeus entre os séculos XVIII-XX que sempre começa a e mostrar com o deserto e vai introduzindo outros signos que se tornaram familiares a todos nós pela repetição: camelos, oásis, harém, sheiks, às vezes, tapetes mágicos etc. Características de vários espaços islamizados (*e o filme peca em não abraçar este conceito desde o início, como comentarei mais tarde*) são oferecidas em um mesmo pacote para as audiências ocidentais.  Não importa muito se é Norte da África, Oriente Médio, Turquia ou Paquistão, trata-se da Arabland.  

Esta parte do filme me fez lembrar da minha primeira aula de Império Árabe-Muçulmano em Idade Média I, segundo semestre de 1993, quando a professora, Andréia Frazão, minha primeira orientadora, perguntou quais imagens nos vinham à mente quando pensávamos em árabes.  Eu levantei a mão e falei camelos e deserto; ela disse, “Eu, não, penso em Omar Sharif.”.  Passei a pensar nele, também... Omar Sharif, um ator árabe, que se foi este ano era escalado para interpretar de tudo, do árabe ao russo, passando pelo mongol.  Aliás, vários atores latinos passaram pela mesma experiência interpretando árabes, índios, gregos e, claro, latinos.

Omar Sharif (de preto) em Lawrence da Arábia.
No geral, Reel Bad Arabs é um filme pertinente – e cabe o elogio antes das críticas inevitáveis – ao caracterizar o quanto o cinema norte americano é importante na construção do imaginário sobre qualquer coisa e, também, o quão contaminado de interesses de ordem política ele pode ser.  O ponto principal levantado no documentário é de desumanizar os árabes que são apresentados, via de regra, como pessoas violentas oriundas de uma terra e cultura dominada pela barbárie.  Daí, quando os noticiários falam da questão Palestina, no nosso imaginário social, aquelas pessoas são sombras, menos que humanas.  Os humanos são os israelenses, os palestinos, nem tanto, afinal, todos eles são terroristas em potencial.

É mais fácil – e isso vale para representações de latinos e africanos – aceitar a violência contra eles, afinal, são gente ruim, sub-humanos, desprovidos dos nobres sentimentos que habitam em gente civilizada como nós... Ooops!  O problema é que o “nós” acaba sendo muito restritivo, contudo, por recebermos o cinema Hollywoodiano maciçamente, acabamos achando que pertencemos ao grupo dos “heróis” de seus filmes.  Daí, é engraçado lembrar do jogo IrãXEUA na copa da França (1998) e Galvão Bueno escorregando no “nós” ao falar do time norte americano.  O cinema ajuda a criar identidades e estranhamentos. 

Típico árabe malvado em Aladin da Disney.
A idéia da barbárie e selvageria inerente aos árabes está, por exemplo, na abertura do desenho Aladin da Disney (1992), pois logo na primeira música o caráter bárbaro do espaço (a Arabland) e do povo é desvelado: “where they cut off your ear/ If they don’t like your face/ It’s barbaric, but hey, it’s home.” (*onde eles cortam fora a sua orelha/Se eles não gostam da sua cara/É bárbaro, mas hey, é o meu lar*).  A crítica, aliás, antecede o documentário e eu já a conhecia.  A questão, a meu ver, e Reel Bad Arabs não reflete sobre isso diretamente, é que ainda que o filme mostre que as representações sociais equivocadas dos árabes estão presentes desde os primórdios da sétima arte, eles não eram desde o início os vilões preferenciais de Hollywood.  O cinema norte americano precisava inimigos que substituíssem os soviéticos com o colapso da Cortina de Ferro.  Na época, eu percebi dois candidatos fortes, os terroristas árabes, ou mais especificamente, muçulmanos, e os alienígenas.  

Ao escrever isso, não estou pensando em filmes B ou C, a maioria das produções, grande parte da Cannon Films, citadas no documentário não eram blockbusters, mas filmes de segunda ou terceira linha, obras lançadas direto para a TV. Estou falando em True Lies (1994) e Independence Day (1996).  Tanto o terrorista, árabe-muçulmano de preferência, quanto o alienígena são menos que humanos, são criaturas planas e estereotipadas, às vezes, até sem rosto durante boa parte do filme.  Entretanto, é preciso ressaltar que o cinema norte americano não é marcado por representações positivas do estrangeiro em geral, aquele que não comunga dos usos e costumes do americano médio, que, não raro, vem trazer a dúvida, a discórdia, seduzir “nossas” mulheres, e obrigar o sujeito voltado para seu próprio umbigo a reconhecer que existem outras visões de mundo.  


True Lies.
O vilão, especialmente em filmes de ação, suspense, espionagem, terror, é normalmente o outro, não raro, alguém com sotaque.  É assim, por exemplo, em A Rede (1995), no infame A Lenda do Zorro (2005).  Já nos três primeiros filmes da série Duro de Matar temos terroristas estrangeiros, nenhum deles árabe-muçulmano.  E, aí, não há escapatória, Hollywood escolhe seus vilões ao sabor do momento histórico e, claro, influência esse mesmo contexto pela repetição das personagens.  Durante a II Grande Guerra, alemães e japoneses eram vilões principais, substituídos posteriormente por soviéticos e chineses durante a Guerra Fria.  Os árabes e muçulmanos são a bola da vez, mas nunca sozinhos.

Enfim, vendo a lista de filmes produzidos pela Cannon, todos de baixo e médio orçamento, percebi que assisti uma grande quantidade deles, filmes como Braddock, Comando Delta, a série Desejo de Matar com Charles Bronson, Falcão - O Campeão dos Campeões, Mestres do Universo, O Último Americano Virgem, As Minas do Rei Salomão, entre outros.  Todos eram recorrentes nas telas das TVs brasileiras, nunca assisti nenhum no cinema, aliás.  Parei para me perguntar quais filmes influenciam mais o nosso imaginário, os filmes B e C que se eternizavam nas TVs e em homevideo, ou os grandes lançamentos do cinema.  Enfim, o fato é que pouco me recordo de árabes em filmes como esses, nos anos 1980 e antes, a maioria dos terroristas não invocavam divindades pelo que me recordo, agora que o vilão era, via de regra, um não americano é algo muito vívido na minha lembrança.


Cena do avião em Comando Delta, vi mais de uma vez.
O filme – que só tem uma voz o tempo inteiro, a do autor do livro – bate muito na Cannon, produtora de origem israelense e a apresenta como peça chave de um grande complô contra os árabes, vilificando-os, ridicularizando-os e desumanizando-os em suas produções.  Em vários momentos, aliás, o documentário compara a visão sobre os árabes aos discursos nazistas contra os judeus.  Exagero?  Eu acredito que sim e não estou com isso dizendo que Hollywood faz representações justas de árabes e muçulmanos.  

O documentário traz também a informação sobre filmes B de ação patrocinados pelo Departamento de Defesa dos EUA.  Não me surpreende, mas era informação nova para mim.  Em um dos livros de Douglas Kelnner, ele fala do sucesso de Top Gun (1986) e de como do lado de fora de muitos cinemas havia bancas de alistamento militar.  O cidadão assistia ao filme, se empolgava, e corria para entrar para a Marinha ou Aeronáutica.  Acreditar em neutralidade do cinema, em não comprometimento de algumas produções é ser ingênuo ou canalha.  

Não lembrava que Chuck Norris era protagonista do filme, 
só lembrava da interação da aeromoça com os terroristas no avião.
Dos filmes que destaca, Reel Bad Arabs bate forte em True Lies, que confesso ser uma das minhas comédias de ação favoritas na linha "é ruim, mas eu gosto", e em um filme que não assisti, mas deve ser realmente terrível, chamado Rules of Engagement (2000).  Este, pelo que vi no documentário e li em alguns sites, é uma peça de justificação de um massacre perpetrado contra civis por marines comandados por Samuel L. Jackson no Iêmen.  Não se trata agora da Arabland, mas de um país real, ademais, reforça a idéia de que todo árabe é terrorista ou assassino, incluindo mulheres, crianças e velhos.  E isso antes do 11 de setembro.  Para muita gente, é a idéia que fica.

E, agora, entro nas minhas críticas e são muitas, pode acreditar.  Nem vou dizer que tenho mixed feelings em relação ao documentário, ele me deixou, na verdade, bem aborrecida em alguns momentos. A análise é parcial, vitimizadora dos árabes, como se Hollywood não se esmerasse em produzir estereótipos de todo mundo.  Na mesma linha de documentário, e muito superior, posso citar The Celluloid Closet (1995), que é sobre os homossexuais no cinema norte americano.  Neste documentário, que eu nunca resenhei aqui, destacam-se todos os estereótipos sobre homossexuais no cinema, fala-se desde uma época, antes do duro código criado nos anos 1930, em que os gays eram personagens recorrentes e mesmo positivas até a recente, ou nem tanto, já que se vão uns 20 anos, onda de colocar os LGBTs como vilões.  

Típico sheik perdulário e tarado.
Algo que sempre questiono é o motivo de escolherem membros de minorias – que só o são, porque sub-representadasm nas telas – para encarnar papéis vilanescos.  Nem bem nos acostumamos a vê-las como personagens normais e comuns, já que trazem vários estigmas e, quando recebem destaque, são marginais, psicopatas ou coisas do gênero.  Vale para gays, vale para árabes, vale para outros grupos subrepresentados.  Não há porque celebrar a vilanização como revolucionária ou, como gostam alguns autores de novelas brasileiros, uma afronta ao politicamente correto.

Voltando a Reel Bad Arabs, analisar é uma coisa, dizer quase que "é só com a gente" é uma outra muito diferente. Só que o filme investe pesado nessa linha de raciocínio e, mais ainda, omite pelo menos dois estereótipos de árabes que são fundadores do cinema: o sheik sedutor e o árabe honrado capaz de tudo por seu amigo (*normalmente, o mocinho ocidental*).  Enfim, falemos do sheik. Talvez por ser narrado por um homem e estar falando de homens quase o tempo inteiro, com as mulheres meio como nota de rodapé no filme, ele esqueça de falar de uma poderosa representação ligada, principalmente, à cultura pop para mulheres.  

O sheik, Rodolfo Valentino, coloca a mocinha inglesa no "seu lugar".
Ora, qual o papel máximo de Rodolfo Valentino (1895-1926), um dos primeiros, talvez o primeiro mesmo, galã do cinema americano?  O protagonista de O Sheik, que tem imagens usadas no documentário, mas não é discutido.  A personagem que sequestra a mocinha (britânica) aristocrática, a maltrata e acaba se apaixonando por ela e vice-versa, entrou para o imaginário e foi reprisada e reprisada nas telas, nos livros e, como não poderia deixar de dizer, nos mangás femininos.  O sheik “para mulheres” não é o velho asqueroso dos filmes mostrados no documentário, tampouco, o sujeito cheio de luxúria que quer violentar ou violenta a mocinha que, mais tarde, será resgatada pelo herói ocidental.  Ele é o herói da história.

 O sheik brotado da literatura para mulheres, e escrita muitas vezes por mulheres, é o sujeito viril, honrado, sedutor e que, sim, às vezes, parece (*e é*) violento com a mocinha.  Ele a arrasta para a Arabland e ela acaba, no final, desejando ficar por lá, muitas vezes largando para trás o noivo ocidental.  O filme opta por não falar deste estereótipo que também poderia ser visto como negativo (*não somente pelas feministas*). O Sheik é de 1921, portanto, dos primórdios do cinema que o filme faz questão de ressaltar como formadores do imaginário sobre a Arabland e os árabes, e baseado em um romance escrito por uma mulher. Por que omitir?  E olha que há até filmes mais sérios protagonizados por sheiks positivos, vide O Vento e o Leão (1975) com Sean Connery, que não é citado no filme.

Detalhe do cartaz do Sheik.
Aliás, o verbete da Wikipedia sobre o documentário lista os filmes citados no documentário.  Alguns deles, como o Enigma da Pirâmide (1985), um filme que eu amo, não consegui ver em tela.  Só que um dos filmes da Múmia com Brendan Fraser foi utilizado para mostrar o árabe estereotipado e não aparece listado na Wikipedia.  Acredito que faltem outros filmes e outros apareçam listados sem estarem no documentário, caso de Robin Hood – O Príncipe dos Ladrões (1991) que deveria aparecer como um dos que fazem representações positivas, já que a personagem de Morgan é o árabe honrado e, ainda por cima, culto.  Olhei de novo e não vi citado por nome.  Se passou alguma cena foi algo rápido e sem comentários por parte do narrador.

Voltando às críticas, a pior, na minha opinião, é que lá pelas tantas percebo que os realizadores cometeram um deslize a meu ver imperdoável, pois ao dizer árabe queriam, na verdade falar muçulmano. Sabe por qual motivo eu sei disso? A Revolução Islâmica não foi feita por árabes, iranianos não são árabes e a revolução em si não azedou as relações entre os norte americanos e os países árabes, o problema era com os iranianos. Pouco depois, aliás, os Estados Unidos vão ajudar Bin Laden, um sunita, no Afeganistão contra os soviéticos, a despeito da Revolução Iraniana. E, claro, afegãos não são árabes, mas sauditas, como Bin, são.  

Até as crianças são terroristas em Rules of Engagement.
Seria mais correto, para não dizer honesto, afirmar que a Revolução Iraniana influenciou a forma como os muçulmanos, os xiitas em especial, os “maus muçulmanos”, serão mostrados no cinema americano a partir de então.  E a coisa foi agravada quando os xiitas no Líbano colocaram os americanos para correr depois de um mega atentado .  Vejam que, no Brasil, xiita virou sinônimo de radical.  Enquanto isso, filmes como Rambo 3 (1988) vendiam os talebãs como guerreiros da liberdade, gente boa que lutava contra os vilões comunistas, e eram apoiados por um dos ícones do cinema de ação e propaganda de Hollywood.  Sempre digo aos meus alunos e alunas que se trata de um documento histórico.  Curiosamente, o filme silencia sobre esse filme.

Eu já desconfiava desde o início que Reel Bad Arabs estava falando de árabes quando queria ou deveria falar muçulmanos, ou, se fosse um filme melhor organizado, deveria separar os dois logo de saída, ou dizer que, pelo menos a partir de um determinado momento, que eu situo na virada para a década de 1990, o cinema americano passou a misturar as duas coisas.  Daí, quando eles cismam de separar árabe de muçulmano, pois querem introduzir o conceito de islamofobia, a coisa não fica muito clara em nenhum momento.  Além disso, para se contrapor aos estereótipos negativos, o narrador parece falar de um árabe genérico, uma “raça” uniforme, que está no reino das idéias para ser alcançado por todos nós.  Esse árabe universal obviamente não existe, fora os constrangimentos de considerar iranianos árabes e tentar forçar a idéia de que não existe grupo humano (*o filme usa “race” o tempo inteiro*) mais vilificado por Hollywood do que os árabes.  

                           Terrorista líbio de de De Volta para o Futuro.                             
Um dos exemplos generalizadores dados pelo documentário é De Volta para o Futuro (1985).  Dr. Brown é morto, segundo Reel Bad Arabs, por terroristas árabes genéricos e desnecessários.  Eu que não via o filme fazia muito tempo, fui checar para ver se minha memória não em enganava. Eu lembrava claramente de menção à terroristas líbios e não estava errada.  Em 1985, a Líbia patrocinava abertamente o terrorismo, estava em pé de guerra com os EUA, que bombardearam o país em 1986,  e toda tensão da época culminou com a derrubada do vôo da Pan Am em Lockerbie, Escócia em 1988.  Havia um contexto que individualizava os agressores, que eram tudo, menos árabes genéricos.  

Recordo-me ainda  de vários filmes com terroristas árabes em que não havia menção ao conteúdo religioso, até porque, nos anos 1960, 1970, 1980, era comum a existência de grupos guerrilheiros em Israel, no Líbano e em outros lugares sem um viés religioso explícito e unidos por bandeiras de esquerda e conceitos como o pan-arabismo.  Não raro nesses grupos – o filme mostra vários exemplos se discutir essa questão – as mulheres, sempre sem véu, eram ativas integrantes das células de ação.

 O príncipe progressista de Syriana.
Aliás, falando das mulheres, o documentário insiste que há três estereótipos para as mulheres árabes em filmes americanos: a dançarina sedutora; a submissa, velada ou não; e a terrorista sem coração.  Enfim, ele faz questão de ressaltar que as mulheres árabes são ativas, profissionais respeitadas, que são a maioria das alunas das universidades em vários países muçulmanos (*não árabes, veja bem*) blá-blá-blá, sem em nenhum momento falar de Talebã, das limitações existentes em países como a Arábia Saudita ou o Irã, ou dos casamentos infantis no Iêmen... E, mais adiante, cai na esparrela de citar Syriana (2005) como um modelo de filme hollywoodiano que retrata de forma mais equilibrada os árabes.  E qual a cena mostrada? Uma em que o príncipe progressista dala de seu desejo de modernizar seu país, uma das propostas é dar o voto às mulheres... Ora, da mesma maneira que o cinema generaliza, o crítico também o faz por seu turno.  A omissão em aprofundar a discussão sobre as mulheres não é inocente, não quando se é tão político em sua análise.

De resto, na parte das visões positivas, o documentário cita filmes não hollywoodianos, ou seja, contrariam a amostragem proposta.  Paradise Now (2005), que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro, é uma co-produção de vários países como Palestina, Israel e França, não é americano, portanto; já Hideous Kinky (1998) é da BBC e não tem relação com Hollywood.  Se fosse assim, valeria citar exemplos cinematográficos de todo mundo, coisa que já é inviabilizada pelo título do filme.  

Saladino em Cruzada.
Nessa parte das representações positivas, o único filme hollywoodiano que recebe destaque e elogios é Cruzada (2005).  Falar de Saladino – um sujeito elogiado por aliados e inimigos – é meio que chover no molhado e o documentário se agarra a ele para falar da tolerância vivida no mundo árabe (*sim, essa coisa genérica*) entre cristão e muçulmanos, que o filme foi aplaudido em Beirute, que fez mais sucesso fora dos EUA do que dentro dele.  É o único momento em que o documentário fala que nem todos os árabes são muçulmanos, mas como o objetivo é passar uma imagem sempre positiva dos árabes, as tensões, já evidentes em 2006, ano de produção do filme, especialmente no Iraque ficam de fora.

Eu particularmente não gosto de Cruzada, ainda que goste de Saladino.  Só que cabe ressaltar que o filme em questão tem como objetivo mostrar o quão complicada era a situação dos cristãos no Reino de Jerusalém e o quanto esses mesmos cristãos, em especial os Templários, vilanizados na película, não estavam se comportando lá muito bem.  Ao mostrar os muçulmanos, Cruzada não foge dos estereótipos em relação aos árabes.  Temos Saladino, a figura máxima, imbuída de todas as virtudes possíveis.  Ele está além de qualquer análise, só que há duas outras personagens árabes proeminentes.  Uma delas é o árabe honrado, aquele estereótipo que não é analisado no filme.  Alexander Siddig, que vive sendo escalado para papéis “exóticos”, afinal, até bizantino já foi, encarna o papel de Nasir.  Ele também é o príncipe progressista de Syriana.  

Morgan Freeman em Robin Hood.   
A personagem guia o herói, age à serviço de Saladino, é um tipo recorrente no cinema hollywoodiano, também.  Omar Sharif, uma ausência no documentário, faz um tipo semelhante em Lawrence da Arábia (1962).  É o árabe do bem.  Talvez, o filme tenha chegado perto dessa representação ao expor que em filmes de ação – aqueles com comandos e coisas do gênero – há o árabe bom, que mata os árabes maus e age junto com o herói, mas nunca é o protagonista do filme.  Só que reduzir o árabe honrado a isso é um exagero, prefiro acreditar que o filme omitiu esse estereótipo por ele ser positivo, ainda que esquemático.  De qualquer forma, o árabe honrado é uma personagem que existe em função do herói, está a serviço do colonizador, por assim dizer.

O outro árabe em evidência que aparece em Cruzado é o sujeito com discurso de ódio, que quer matar os cristãos, que se veste de preto (*e era bem gatinho*).  Meu marido e eu brincamos que era o cara do Hizbollah, o moço da jihad.  Ele, claro, não se cria com Saladino, mas está lá para lembrar a audiência de que existem os bons e os maus árabes.  Cruzada se prestaria muito à análise do documentário, mas aparece só para tentar passar a idéia de que Saladino era menos uma exceção e mais uma regra do que os árabes eram e são.  


Arábe "Cachorro Louco do Deserto" em um desenho do Gaguinho.
Enfim, Reel Bad Arabs vale ser assistido, mas é parcial o suficiente para servir de armadilha para quem não tenha conhecimentos suficientes sobre o contexto histórico e mesmo memória sobre cinema.  Gostei e não gostei, o deslize dos iranianos chamados de árabes me fez questionar se seguia até o final.  Cheguei ao fim, mas com a certeza de que a questão dos árabes no cinema norte americano merecia um documentário melhor, um tão bom quanto The Celluloid Closet.  Para quem quiser, o documentário legendado em português está aí embaixo.






quinta-feira, novembro 05, 2015

Conteúdos para a AE4


Segue a lista com as aulas para a AE do Quarto Bimestre:

1. Governos Militares - Parte 1 e Parte 2 (*Foram cobrados nas VIs, não estão na AE4, mas estarão na prova de Segunda Chamada.*)

Daqui para baixo, estão as aulas que não foram usadas, porque o tempo para terminar o conteúdo foi menor do que esperávamos.  É só para o vestibular, não para as nossas provas:


Aula 6: Resumão da Nova República - Parte 1

Sexta aula de História do 4º Bimestre.  Vocês podem visualizar todos os slides aqui no site ou podem baixar direto do site Slide Share. A aula destina-se aos alunos e alunas do Terceiro Ano do Colégio Militar de Brasília, mas qualquer pessoa pode utilizar o material, basta entrar em contato e citar a fonte.

Aula 5: Fim da União Soviética


Quinta aula de História do 4º Bimestre.  Vocês podem visualizar todos os slides aqui no site ou podem baixar direto do site Slide Share. A aula destina-se aos alunos e alunas do Terceiro Ano do Colégio Militar de Brasília, mas qualquer pessoa pode utilizar o material, basta entrar em contato e citar a fonte.

sexta-feira, outubro 30, 2015

Hoje, na História: China revoga a política do Filho Único depois de 35 anos


Ontem, o Partido Comunista Chinês anunciou o fim da política do Filho Único, ou da Gestação Única, trata-se de um marco e demonstração do sucesso e, ao mesmo tempo, da necessidade de revisão das medidas.  A política foi criada para garantir o controle de natalidade, mesmo com muitas exceções, esbarrou em questões culturais, como a preferência por filhos homens, que produziu um grande desequilíbrio demográfico.  Há muito mais homens do que mulheres na China.

Por que um filho homem?  Em culturas agrárias da região, como as da China e as da Índia, o filho mais velho tem a responsabilidade de sustentar os pais na velhice, já as filhas, vão embora ao casarem.  Casamentos por lá são patrilocais. Cabe ao filho, também, garantir a manutenção de uma linhagem, já que, nessas culturas, elas são patrilineares.  As flexibilizações e as campanhas estatais de valorização das meninas, não funcionaram.


Vamos ver como as coisas ficam agora.  O notável, a meu ver é que o governo chinês deixe a decisão a cargo das províncias.  Para quem quiser ler mais: G1, ExameDW e RFI.

quinta-feira, agosto 06, 2015

Conteúdo para a VI


Semana que vem, teremos nossa primeira avaliação do terceiro bimestre e, se você está aqui, é porque se trata de um aluno ou aluna interessado/a.  Enfim, os conteúdos para a avaliação são os seguintes:


Se você quiser estudar pelo livro, o conteúdo está no Capítulo 11 da apostila 4 do Poliedro (Frente 2) - p. 112-123.  

quarta-feira, julho 29, 2015

Gabarito da Prova de Recuperação



Hoje, entre 13h30 e 14h30, vocês os alunos e alunas fizeram a prova de recuperação de História.  Como alguns alunos estão ansiosos em relação ao resultado, segue o gabarito:

1. A

2. C

3. B

4. B

5. C

6. C

7. E

8. B

9. B

10. B

11. D

12. V, V, V, F, F

13. A resposta correta seria “sim”, pois os soldados da borracha fizeram parte do esforço de guerra e foram mobilizados com a promessa de que estariam colaborando para a vitória contra o Eixo, o que é reforçado pelo cartaz.

14. Possibilidades de respostas para os dois itens:

a) Você poderá indicar e analisar uma, dentre as seguintes características do Estado Novo: 1) vigência de regime ditatorial, que implicava na suspensão do Poder Legislativo, permanecendo as grandes decisões políticas na dependência pessoal de Vargas e seus assessores; agravamento do processo de centralização política, com a diminuição dos poderes dos governos estaduais, em detrimento do Governo Federal, que açambarcou para si alguns dos impostos de âmbito estadual e municipal; 2) agravamento do processo de centralização política, com a diminuição de poderes dos governos estaduais, que passaram a ser exercidos, via de regra, por interventores nomeados diretamente por Vargas, assessorados pelos Daspinhos – réplicas regionais do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP), encarregado de fiscalizar os governantes estaduais; 3) incentivo claro à industrialização do país, mediante o investimento estatal junto a indústrias de base, com a criação da CSN, FNM, Cia Nacional de Álcalis e outras; 4) estabelecimento da Legislação Trabalhista no país, com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, ao qual passou a ser afeta a gestão sobre as questões relacionadas aos trabalhadores, lembrando que toda essa legislação esteve limitada ao âmbito da classe trabalhadora urbana e não rural; 5) fim da pluralidade sindical e consolidação dos sindicatos corporativistas, únicos por ramo profissional e dependentes do Estado, que fiscalizava suas eleições, controlava suas mobilizações e os respaldava com recursos do Imposto Sindical criado em 1939; 6) criação do Salário Mínimo em 1940, o qual para alguns segmentos de operários representou um ganho real – sobretudo para aqueles originados do campo, ao passo que para outros, os mais especializados, significou perdas salariais, sem contar com o fato de que o salário mínimo passou a funcionar como piso para os salários de todas as categoriais profissionais do país, contribuindo para rebaixar os custos dos empresários brasileiros; 7) a emergência, em função do Imposto Sindical, da figura do “pelego”, o dirigente sindical que atuava mais no interesse próprio e do Estado do que no interesse das classes trabalhadoras que representava, amortecendo, assim, conflitos; 8) agravamento dos mecanismos de censura política e artística, mediante a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) que controlava conteúdos de obras críticas ao regime, além de fazer a apologia de Vargas junto à sociedade em geral e às escolas em particular, construindo uma imagem de Getúlio como protetor dos trabalhadores mediante o uso intensivo de meios de propaganda e cerimônias públicas, tais como as comemorações de 1º. de maio e programas radiofônicos; 9) utilização de prisões arbitrárias, tortura e exílio de intelectuais e políticos de esquerda ou antagônicos ao regime; 10) oscilação da política externa brasileira entre aproximação/distanciamento ora com os EUA, ora com a Alemanha; Quanto à gestão de Vargas já no período democrático o candidato poderá indicar, analisando, uma dentre as seguintes características: 1) retorno das liberdades político-eleitorais e do pluripartidarismo; 2) aceleração da industrialização brasileira, com a firme intervenção do Estado junto a indústrias de bens de capital, agora com forte sentido nacionalista, tendo como exemplo paradigmático a criação da Petrobrás - e a campanha “O Petróleo é Nosso”, de grande apelo popular – e da Eletrobrás; 3) o fim dos mecanismos do regime de exceção, com o restabelecimento dos três poderes do Estado e o fim dos órgãos de censura e propaganda; 4) manutenção da legislação trabalhista e de todas as suas características, visando manter a classe trabalhadora urbana em estado de “mobilização controlada”; 5) manutenção do sindicalismo corporativista verticalizado e atrelado ao Estado; 6) suspensão da exigência do atestado ideológico antes obrigatório para participação na vida sindical; 7) ocorrência de algumas greves operárias, por aumento salarial e melhoria de condições de vida, inclusive em empresas do setor público; 8) ênfase dos investimentos estatais em infra-estrutura de transportes e energia, além do reequipamento da marinha mercante e do sistema portuário; 9) criação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) orientado diretamente para acelerar o processo de diversificação industrial; 10) agravamento da oposição política entre os setores nacionalistas e os chamados “entreguistas”, os primeiros, associados aos militares e aos políticos defensores da industrialização autônoma e independente do capital internacional e os segundos, defensores da menor intervenção do Estado na economia e da abertura ao capital estrangeiro como meio de promoção do desenvolvimento; 11) acirramento das oposições políticas ligadas ao anticomunismo (sobretudo alguns militares e a UDN), descontentes com o não-alinhamento automático do regime aos EUA.

b) Você deverá analisar, como pontos de continuidade, um dentre os seguintes elementos: a) o prosseguimento da política industrialista do Estado, calcada em investimentos públicos em empresas de bens de capital, tendo em vista as dificuldades e/ou oscilações do capital estrangeiro em participar deste processo; b) a manutenção do sindicalismo corporativista, único por profissão e atrelado ao Estado, o que impedia, de fato, a consolidação democrática, já que os sindicatos – órgãos de organização política dos trabalhadores – eram definidos como “agências do Estado”, dificultando a mobilização operária e impedindo a emergência de lideranças de fato combativas; c) a preservação de toda a legislação trabalhista, incluindo a do Salário Mínimo e a do Imposto Sindical, sendo que a primeira continuava definindo tão somente o “piso” salarial por categoria profissional e a segunda mantinha os sindicatos dependentes do Estado na medida em que contavam com os recursos que lhes eram repassados pelo Governo a partir da arrecadação deste imposto; d) continuidade do Ministério do Trabalho como “árbitro” dos conflitos entre operários e empresários, atuando mediante as Juntas de Conciliação que via de regra apontavam para soluções “negociadas” que impediam os conflitos entre eles; e) a continuidade do investimento propagandístico que visava manter viva a figura simbólica de Vargas como defensor dos trabalhadores, estreitando-se seus laços com estes mediante apelos para que participassem dos sindicatos de modo a ajudá-lo na luta contra “os especuladores e os gananciosos”.

Você deverá analisar, como pontos de ruptura, um dentre os seguintes elementos: a) fim dos mecanismos políticos de exceção, com a suspensão de prisões arbitrárias, tortura e exílio de antagonistas políticos do presidente; b) restabelecimento dos três Poderes constitucionais, com a recuperação da Câmara e do Senado enquanto elementos fundamentais ao jogo político democrático, impedindo o exercício de medidas personalistas e autoritárias do governante; c) extinção das instituições mais claramente ligadas ao Estado Novo, tais como o DIP, encarregados de fiscalizar governadores estaduais e efetivar campanhas ideológicas de massa, destinadas a valorizar a imagem “paternalista” de Vargas; d) restabelecimento do regime político-eleitoral e do pluripartidarismo, que propiciou a organização de forças políticas de apoio e de oposição a Vargas figurando, entre as primeiras, o PSD e o PTB – originado das bases trabalhistas de Getúlio – e, entre as segundas, a UDN, partido de permanente oposição a Vargas, pautado por freqüentes denúncias relativas a suas ações, tendo como figura emblemática Carlos Lacerda; e) emergência de greves operárias que sinalizavam para a dificuldade do regime e do “carisma” de Vargas em manter sob controle as classes trabalhadoras em seu conjunto. 



domingo, maio 24, 2015

Gabarito da VI Discursiva


Nos colégios militares membros do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), VI, as chamadas verificações imediatas, são provas curtas que devem ser feitas em uma média de 20 minutos. Escores são uma forma própria do sistema de contagem de pontuação, por isso, contamos escores e temos que usar uma tabela de equivalência na conversão para a contagem de 1-10.  Segue o gabarito da última VI Objetiva aplicada no terceiro ano do Colégio Militar de Brasília.  Os assuntos da VI eram Era Vargas (1930-45) e Nazismo.

1. A charge abaixo (extraída de Antônio Pedro, A Segunda Guerra Mundial, São Paulo, Editora Atual/Campinas, Editora Unicamp (coedição), 1986, p. 14) retrata de forma crítica a assinatura, em 23 de agosto de 1939, de um pacto de não-agressão.


“- Boa piada! Ninguém conhece as nossas intenções, hein?/- É verdade! Nem nós…”

a) Identifique os personagens do desenho e os países que respectivamente representam. (4 escores)
- Hitler/Alemanha e Stálin/URSS.

- Obs.1: Alunos/as que colocaram Rússia receberam meio escore.  
- Obs.2: Nazismo não é país.  Japão e EUA apareceram nas respostas sem motivo aparente, Estados Unidos até como pessoa e o país como "comunismo".  Não sei como alguém consegue confundir Stálin com Mussolini, Getúlio Vargas ou Roosevelt.  

b) Dê o nome do pacto firmado (escolha somente uma das opções). (1 escore)
- Pacto Germano-Soviético, Pacto Germânico-Soviético ou ainda Pacto  Ribbentrop-Molotov, ou Molotov-Ribbentrop.  

- Obs.: Alunos/as que colocaram somente "pacto de não-agressão", receberam meio escore a depender doque colocaram na letra (a) e (c).  

c) Relacione esse pacto à deflagração da Segunda Guerra Mundial. (4 escores)
- Em linhas gerais, você deveria explicar que fazendo um acordo com a URSS, a Alemanha poderia se dedicar exclusivamente a uma guerra na Frente Ocidental contra França e Grã-Bretanha e resolver a questão com essas nações ganhando tempo e, assim, evitando abrir uma nova frente de guerra como na I Guerra.

- Obs.: Dentre todas as coisas absurdas que li até agora, de quem pelo menos escreveu que o acordo era entre Alemanha e URSS, claro, alguns comentários:  o acordo não tinha como objetivo permitir que Alemanha e URSS pudessem invadir o território uma da outra; o acordo também não selava uma aliança entre essas nações contra as potências ocidentais; o acordo não visava exclusivamente a partilha da Polônia.

2. Há historiadores que se referem ao Brasil do Governo Provisório e Constitucional de Getúlio Vargas pelo apelido de “País dos Tenentes”.  Explique a importância dos “tenentes” neste período da História do Brasil. (4 escores)
Em linhas gerais, você deveria explicar que muitos dos chamados "tenentes", isto é, homens ligados ao movimento Tenentista e, não necessariamente, militares da ativa do Exército Brasileiro, apoiaram Getúlio Vargas na Revolução de 1930.  Por conta disso, sua agenda política (política de industrialização, ensino público obrigatório, voto secreto, fim da política do café com leite, maior centralização de poder, etc.)  marcou pesadamente o período do Governo Provisório e eles tiveram ativa participação dentro do governo e ocupando os postos de interventores.  Além disso, pressionaram para que as eleições para a nova constituinte fossem atrasadas.  As exceções - MG, RS, BA, PE - só confirmam a regra. 

- Obs.: Esta não era uma questão sobre a Coluna Prestes, o Tenentismo, sobre o papel do Exército no final do Estado Novo, sobre a ANL ou a AIB.

3. Relacione duas das motivações do movimento ocorrido em São Paulo em 1932. (2 escores)
- Algumas possibilidades: desejavam eleições; uma nova Constituição;  a participação de São Paulo na política nacional; um interventor paulista e civil; queriam o fim da Ditadura de Vargas; acusavam Vargas de estar prolongando em demasia o "Governo Provisório" etc.  Há muitas possibilidades. Quem lembrou do MMDC - simples estopim do conflito - recebeu meio escore.

- Obs.: Fiquei realmente perplexa quando li respostas que acusavam o governo Vargas de não se empenhar em retirar o Brasil da crise de 1929 e, mais ainda, de prejudicar o setor cafeeiro para punir São Paulo.  Quem escreveu coisas assim, não deve ter assistido as aulas que foram ministradas.

Gabarito da VI Objetiva


Nos colégios militares membros do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), VI, as chamadas verificações imediatas, são provas curtas que devem ser feitas em uma média de 20 minutos. Segue o gabarito da última VI Objetiva aplicada no terceiro ano do Colégio Militar de Brasília.  Os assuntos da VI eram Era Vargas (1930-45) e Nazismo.

1. (UFSCAR/SP) Observe a charge, de autoria do cartunista Chico Caruso, e assinale a alternativa que melhor indica a referência histórica sugerida.



a) Apresenta a sequência de presidentes brasileiros que governaram o país de 1922 até 1945.
b) Os desenhos fazem referência aos ditadores de diferentes países da América Latina durante as décadas de 1940 e 1950.
c) Todos os personagens representam Getúlio Vargas, em diferentes momentos de sua trajetória política no Brasil.
d) As caricaturas sugerem os governadores paulistas que estiveram no cargo de Presidente da República durante a política do café com leite.
e) Os personagens representam os presidentes militares que governaram o Brasil após 1964.

2. (Faap) "Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade, que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."  Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por:
a) Jorge Amado
b) Carlos Drummond de Andrade
c) Mário de Andrade
d) Oswald de Andrade
e) Plínio Salgado

3. (Unesp) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida insurreição:

a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente abandonada.
b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo.
c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, foram colocados em liberdade.
d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus planos continuístas.
e) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento da dívida externa.

4. (Cesgranrio) O regime político conhecido como Estado Novo implantado por golpe do próprio Presidente Getúlio Vargas, em 1937, pode ser associado à(ao):

a) radicalização política do período representada pela Aliança Nacional Libertadora, de orientação comunista e a Ação Integralista Brasileira, de orientação fascista.
b) modernização econômica do país e seu conflito com as principais potências capitalistas do mundo, que tentavam lhe barrar o desenvolvimento.
c) ascensão dos militares à direção dos principais órgãos públicos, porque já se delineava o quadro da Segunda Guerra Mundial.
d) democratização da sociedade brasileira em decorrência da ascensão de novos grupos sociais como os operários.
e) retorno das oligarquias agrárias ao poder, restaurando-se a Federação nos mesmos moldes da República Velha.

5. (Mackenzie) A política industrial da Era Vargas caracterizou-se por promover:

a) a internacionalização da economia, com ênfase na produção de bens de consumo.
b) as bases para a expansão industrial, por meio de uma política econômica intervencionista, pragmática e nacionalista.
c) a introdução de capitais estrangeiros e a prática econômica liberal.
d) a redução do papel do Estado no desenvolvimento econômico.
e) a reintegração do país no sistema econômico mundial, por meio da monocultura cafeeira.

6. (FUVEST 2009/Adaptada) “Seu êxito (de Hitler) foi possível pelo caos e (pela) desintegração do governo alemão que se seguiram à crise econômica de 1929 e foi resultado da complacência política de conservadores e comunistas para com o ‘fenômeno grotesco e transitório’ do nazismo (...). Mas o nazismo foi também produto do passado, ainda que não um inevitável produto, pela conjunção de uma série de fatores de natureza diversa: entre eles o autoritarismo, o militarismo, o racismo, o fracasso da revolução democrática de 1848, a derrota na Primeira Guerra Mundial, a hiperinflação dos primeiros anos 1920, a já referida crise econômica aberta em 1929.” (Adaptado de Boris Fausto. Folha de São Paulo, 11/12/2007.)

A partir do texto do historiador Boris Fausto, analise as afirmações e atribua C para as corretas e F para as falsas:

a.(E) O nazismo foi um movimento idealizado exclusivamente por Hitler.
b. (C) A crise de 1929 provocou o caos e a desintegração do governo alemão.
c. (C) A fracassada revolução democrática de 1848 é apontada como causa remota do nazismo.
d. (E) A Alemanha ficou imune aos efeitos da Primeira Guerra Mundial.
e. (C) O racismo, especialmente, o antissemitismo, explica, em parte, a ascensão do nazismo.

sábado, maio 16, 2015

Brasil: Uma Biografia - Recomendação de Livro


Não costumo recomendar livros aqui, deveria, claro, mas não é um hábito.  Então, acabei tomando conhecimento do lançamento do livro Brasil: uma Biografia, de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling.  Comprei ontem e fiz uma leitura rápida e muito incompleta ainda, claro.  No entanto, já percebi que trata-se de uma obra de qualidade, leitura prazerosa, sem as exigências de um texto acadêmico.  Biografia, portanto, é um bom nome.  Ainda que o "revisionista" da resenha da Isto é, me pareça bobagem, deixo a resenha da revista.  Lá embaixo, links para outras resenhas e onde comprar.
Assumindo a difícil tarefa de realizar um livro sobre a história do Brasil, a dupla de historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling adota uma visão crítica e revisionista dos principais eventos que fizeram parte da formação social brasileira ao longo de mais de 500 anos de história. Ao longo de “Brasil: Uma Biografia”, lançamento da Companhia das Letras, Lilia e Heloisa argumentam – com o apoio de intensa pesquisa e o uso de documentação inédita – que fatores como a violência e a desigualdade social são a grande constante em nossa cultura. As autoras mostram como muitas das questões raciais no Brasil se ligam ao fato de a nação ter sido a última no Ocidente a abolir a escravidão, em 1888.
Para a resenha da Folha de São Paulo (1 e 2), do Estadão e da página da editora.  Aqui, no Buscapé, um comparativo de preços (*se quiser comprar na Livraria Cultura, clique aqui*).  O livro vem em várias cores, é a mesma obra, mas a capa pode ser azul, amarela, preta, vermelha, etc.

sexta-feira, abril 24, 2015

Estão abertas as inscrições da 7ª Olimpíada Nacional em História do Brasil


Pessoal, estão abertas as inscrições para a 7ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), promovida pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).  Participam da Olimpíada equipes compostas por 4 pessoas: 3 estudantes (oitavo e nono anos do ensino fundamental e qualquer ano do ensino médio) e o professor de história do colégio. As cinco fases online duram uma semana cada uma, e as respostas são obtidas pelos participantes por meio do debate com os colegas de equipe e a pesquisa em livros, internet e com os professores.  A primeira fase começa em 5 de maio.  

Já estamos na segunda fase das inscrições que vão de 25 de março a 24 de abril de 2015:
Equipe de escola pública: R$30,00 (trinta reais) Equipe de Escola: particular: R$60,00 (sessenta reais)
Atenção, os valores são por equipe e não por membro.
Como conversei com algumas de minhas turmas, Olimpíadas como essas enriquecem o currículo de um aluno ou aluna, especialmente, quando este pleiteia uma bolsa de estudos no exterior.  Antes que você pense ou diga "Isso não é para mim!", pense que existem programas que oferecem bolsas, que as informações às vezes estão nas páginas das Embaixadas e que, sim, talvez seus pais ou conhecidos pudessem ter tido esta possibilidade se tivessem a informação e os meios.  Como saber se algo não é para você?  Se informe.

Falando para os meus alunos, eu estou normalmente cadastrada.  Se você tem uma equipe montada e me quiser colocar como orientadora, sem problema.  Procurem por Valéria Fernandes da Silva.  

segunda-feira, março 30, 2015

Atualidades de História




Depois de algumas semanas de ausência, nosso jornalzinho está de volta:

Brasil

Brasil tem terceiro pior crescimento econômico do G20 em 2014 
Primeiro casco feito no país para o pré-sal deixa Rio Grande na segunda 
Queda no número de filhos é maior entre os mais pobres, mostra IBGE  
Pesquisa diz que 40% das policiais já sofreram assédio sexual ou moral  
Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em russo) dará assistência às agências brasileiras para garantir a segurança pública durante os Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro, em 2016 
Festas 'escondem' tortura em trotes de medicina da PUC e Unicamp 
Dilma sanciona nesta segunda-feira lei que tipifica feminicídio  
Machismo no Judiciário pode limitar impacto de lei do feminicídio  
Homem mata a namorada grávida e leva cabeça a delegacia   
As novas famílias  
Lei da faixa de pedestre completa 18 anos confrontada pelo descaso 
Faculdade faz até reunião de pais contra 'geração mimada'  
'Sou zelosa', afirma mãe que checa as notas e faltas da filha na faculdade  
Cresce número de brasileiros que querem fazer graduação fora do Brasil  
Brasil precisa de educação política, disse Janine, novo ministro da Educação, dias antes de nomeação  
Bolsa para estudar em Portugal, na Espanha e em outros sete países da América tem inscrições abertas 

Internacional

Direita é a grande vitoriosa nas eleições departamentais francesas 
Liga Árabe decide criar força militar conjunta  
A Filósofa Judith Butler afirma que não há democracia sem o direito ao protesto (em espanhol)  
Milhares marcham contra a austeridade em Bruxelas  
Foto de menina síria 'se rendendo' a fotógrafo ganha repercussão na web 
As jovens ocidentais que se aliaram ao Estado Islâmico  
Campanha quer colocar uma mulher na nova nota de 20 dólares  (em inglês)
Copiloto deveria estar em licença médica no dia do acidente da Germanwings 
Na Nigéria, eleitores são mortos na fila para votar; 23 pessoas teriam sido decapitadas  

Ciência

Quinze mudanças que nos fizeram humanos  
Não estigmatize a depressão depois do acidente com o avião da Germanwings 

Cultura

'Só um imbecil gostaria de fazer o que não curte'  
Exposição na Alemanha inova ao tratar tatuagem como arte  
Livro reúne panfletos que permitem novas interpretações da Independência do Brasil   
Anúncio de lingerie com modelo plus size morena vende mais do que com louras magras    
E a Miss Japão 2015 é negra  
Após ser provocada, Pitty dá uma aula de igualdade a seguidor no Twitter  
Livros de colorir são sucesso de vendas para adultos  
Culto noturno atrai jovens com shows, teatro e megafestas  
Fotos inéditas mostram soldados posando com seus cães na Primeira Guerra Mundial 
As mulheres que lutaram contra a ditadura militar  
O segredo da Indústria em torno de Jane Austen   (em inglês)

Charges e Tirinhas