quinta-feira, novembro 25, 2010

25 de novembro: Dia da Não-Violência contra as Mulheres



A violência de gênero é tão recorrente, tão recorrente, que nunca é demais repetir que ela existe, até porque tem gente que não lembra. Para se ter uma idéia, ontem uma menina de 15 anos foi morta à pancadas pelo pai em São Paulo. Motivo? Estava namorando escondido. Mas o delegado já mostrou para quem vai a simpatia: "Foi uma infelicidade. O pai não queria matar a filha, mas dar um corretivo". Alguém chuta a cabeça de uma pessoa (*mulheres são pessoas, eu acho*) por "infelicidade"? Acho que, não. E não concordo com uma discussão que explodiu no Twitter associando esse tipo de coisa a São Paulo, por conta das últimas explosões de racismo e homofobia. Não, amiguinhos! Pode acontecer e acontece em todo o lugar, não somente em São Paulo, não somente no Brasil.

sábado, outubro 16, 2010

Laurentino Gomes no Programa do Jô Soares



Laurentino Gomes, autor de 1808 e 1822, foi entrevistado pelo Jô Soares no dia 8 de outubro. Muito interessante a conversa, eu nem sempre gosto das entrevistas que o Jô Soares faz, mas esta rendeu bem. E o Jô ainda fez uma excelente análise da Revolução Cubana. Vale assisir.

Com higiene precária, navios não eram para narizes delicados



A travessia para o Brasil era precária e suja. Bem, isso todo mundo que lê sobre História das Navegações já sabia, mas não custa nada, como sempre, recordar. A matéria saiu na Folha de São Paulo.

Isolado e imundo

Hábito de jogar excrementos pela janela e ausência de médicos faziam do Brasil Colônia grande foco de epidemias, mostra novo livro

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Não raro, no Rio de Janeiro, em Salvador ou em qualquer outro núcleo urbano brasileiro colonial, um pedestre era "abatido" por excrementos humanos voadores enquanto seguia pela rua. Não havia esgoto, e o hábito era jogar o resíduo pela janela mesmo. As ruas, claro, não ficavam exatamente limpas, e se tornavam bastante insalubres. Não tendo o país nenhuma faculdade de medicina, doenças contagiosas chegavam e ficavam sem enfrentar grande resistência.

Mesmo em 1799, já muito perto do fim da colônia e da chegada da família real portuguesa em fuga para o Brasil, o país, com cerca de 3 milhões de habitantes, não tinha mais de 12 médicos formados -todos importados. Em Portugal (como no resto da Europa) também existia o hábito pouco higiênico de defenestrar fezes humanas, mas por lá, pelo menos, a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra já formava gente desde 1290 -outros países europeus também já tinham escolas médicas.
No caso brasileiro, a única solução era improvisar.

"No Brasil Colônia, então, formou-se uma pequena multidão de curandeiros, benzedeiras e rezadores que tentavam suprir a absoluta carência de profissionais habilitados", diz Cristina Gurgel, médica da PUC de Campinas que é especialista em história da saúde. Ela está lançando o livro "Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos", pela editora Contexto. Nele, ela lista doenças que se propagavam com facilidade na época, como varíola, hanseníase, malária e sarampo, além de constantes disenterias. Por isso, a expectativa de vida dificilmente passava dos 30 anos. Crianças também eram vítimas fáceis: no século 17, por exemplo, apenas uma em cada três crianças nascidas no Nordeste conseguia sobreviver. Até existiam alguns hospitais, como as Santas Casas, mas eles eram mantidos muito mais pelos religiosos do que por médicos.

CURA PELA PÓLVORA

Mesmo quando o paciente tinha sorte e principalmente dinheiro para conseguir assistência profissional, sua situação não era das melhores - os médicos também não sabiam muito bem o que estavam fazendo. O médico português João Ferreira Rosa, por exemplo, chegou ao Recife em 1690 e, do alto do seu reconhecimento como um dos poucos profissionais de saúde no país, recomendou, entre outras coisas, a expulsão das prostitutas -elas ofendiam a Deus, que poderia querer se vingar.

Os remédios daquela época, aliás, frequentemente envolviam ingredientes como fumo, fezes de cavalo, aguardente e, está documentado, pólvora - imagine o alvoroço que isso tudo não causava no organismo do vivente, acabando por fazer muito mais mal do que bem. Ou seja, mesmo com a chegada da Corte ao país em 1808 e a criação de duas faculdades de medicina por aqui (uma em Salvador e outra no Rio), a saúde pública no país não melhorou muito. A própria expectativa de vida só viria a subir significativamente no século 20 - ontem, em termos históricos.

Com higiene precária, navios não eram para narizes delicados

DE SÃO PAULO

Se a saúde das pessoas em terra já era ruim, nos navios dos séculos 16 e 17 ela era ainda mais assustadora. Esse era um dos motivos do isolamento do Brasil durante o período colonial: atravessar o Atlântico era uma aventura que poucos tinham coragem de encarar. Por um lado, ao menos os excrementos humanos eram atirados ao mar e não na rua. Mas tanto a água quanto a comida, guardadas por meses em porões úmidos e sujos, eram invariavelmente ruins e contaminadas. Além disso, a higiene a bordo era precária. "Não por acaso, dizia-se que as viagens marítimas não eram para donos de narizes delicados", afirma Cristina Gurgel.

Não existia estrutura para que os viajantes tomassem banho - e não se sabe se eles estavam muito preocupados com isso, de qualquer forma. O padrão era usar a mesma roupa durante todo o percurso, que durava meses. "Quando possível, todos se perfumavam e incensavam o ambiente, na tentativa de controlar o mau cheiro emanado dos corpos e da sujeira", diz Gurgel. Surgiam, assim, pragas de piolhos, percevejos e pulgas. Pratos, copos e talheres não eram lavados. Doenças como varíola, difteria, escarlatina e tuberculose se propagavam sem controle.

Não bastassem os problemas de saúde que se espalhavam pelos navios, com frequência a comida acabava. E, mesmo antes disso acontecer, ela era bastante regulada: a ração diária de alimentos secos de um tripulante em uma expedição como as de Vasco da Gama ou de Cabral era de meros 400 gramas ao dia. Em casos extremos, até os ratos que infestavam as embarcações viravam comida.

"A gente tem uma visão bastante romanceada das navegações. Pensamos "que lindo, que heróis, que viagem ao desconhecido!" Não era bem assim", diz Gurgel. "Morria tanta gente que surgiram até as lendas dos navios fantasmas, em que tanta gente foi morrendo que não sobrou ninguém." Mesmo em viagens que tiveram sucesso, muita gente morreu. Na de Vasco da Gama às Índias, morreram 120 de um total de 160 marujos, por exemplo. Gurgel ressalta, porém, que isso não era exclusividade dos portugueses. Navios britânicos ou holandeses, por exemplo, tinham situação parecida. (RM)

sexta-feira, outubro 15, 2010

Falando de Cinema no Dia dos Professores


Há três filmes de que sempre lembro no dia dos professores. Não, não... Não é nem Sociedade dos Poetas Mortos, um filme que eu adoro, mas que é filme para aluno, não para professor. Chorei muito com ele na adolescência, hoje, já não consigo.. Afinal, o que acontece depois que os sujeitos sobem na mesa? Eles rompem? Eles se submetem? O professor é somente uma ferramenta, não é o centro da coisa, o centro são os alunos. Também não é o excelente, Ao Mestre com Carinho, porque é quase o mesmo, só que com garotos e garotas pobres (*e um Sidney Poitier lindo*). Eu quero lembrar hoje de filmes que me falam como professora: O Clube do Imperador, A Primavera de uma Solteirona e o depressivo Nunca Te Amei.


O primeiro, O Clube do Imperador (The Emperor’s Club), tem como professor, e de História, ou de História da Civilização Ocidental, como é bem colocado, o excelente Kevin Kline. As aulas dele são decoreba pura, definitivamente, não é o tipo de aula de História que te daria aprovação em um curso de prática de ensino de História... não na UFRJ quando eu me formei. Claro, mas ele é o sujeito que diz para os alunos que se eles não fizerem diferença no mundo que graça tem viver? “Grande ambição e conquista sem contribuição é algo sem significado. Qual será a sua contribuição? Como a História lembrará de vocês?” E ele tinha uma placa com uma inscrição na entrada da sala sobre um rei poderoso, mas hoje esquecido. O problema desse sujeito é que ele coloca na cabeça, como tantos de nós, e aí está a mensagem para os professores, de que ele está na sala de aula para salvar gente. Escolhe um garoto problema, mas em quem ele vê potencial, coloca na cabeça que o rapaz é um incompreendido, e mesmo quando ao pai do rapaz, um senador do mal, joga na cara dele que a função do professor não é “educar”, mas ensinar História, ele não se dá por vencido. E chega a burlar as regras para ajudar o seu aluno que parece responder ao esforço dele. PARECE! Prejudica incusive outro aluno, só que bonzinho, esforçado, mas tímido e sem brilho, porque, bem, ele não precisa de ajuda, ele já é um cara legal. OK! Mas eis que "a casa cai" e ele descobre que você só ajuda alguém, especialmente um adolescente ou um adulto, se ele também quiser ser ajudado. A decepção do professor é enorme, mas, ainda bem, o filme não termina ali. Temos um salto de quase vinte anos... Ah, assista o filme! ^_^

Infelizmente, a nossa formação profissional ainda está carregada daquele peso de sacerdócio: o professor ou professora é o salvador. E não importa se em escola de elite ou de periferia, você está lá para SALVAR seus alunos da sociedade, dos pais, ou deles mesmos! Isso te dá uma aura de herói ou santo, ajuda a esquecer o péssimo salário, o desrespeito, porque você tem uma missão. E na ânsia de salvar, pode fazer como a personagem de Kevin Kline, escolher o problemático que quer continuar assim, tratá-lo somente como vítima da sociedade e deixar de investir, sim, no bom aluno sem graça, tímido, talvez não tão brilhante. Pense em Morita e Takemoto de Honey & Clover e você vai entender. Eu aprendi uma lição com o Clube do Imperador e chorei pra caramba. Eu gosto mais dele do que de Sociedade dos Poetas Mortos. Muito mais mesmo!


O segundo filme, A Primavera de uma Solteirona (The Prime of Miss Jean Brodie), protagonizado pela magnífica Dame Maggie Smith, mais conhecida dos jovens por fazer outra professora Minerva McGonagall de Harry Potter. Ela levou o Oscar por este filme que se passa em Edimburgo, Escócia, em 1936. Miss Jean Brodie é uma professora de História cheia de vida, cheia de idéias, moderna, apaixonada por sua profissão, feminista e simpatizante do facismo. A diretora quer se livrar dela, mas Miss Brodie sempre escapa com tiradas fenomenais, suas frases ao longo do filme (*o livro eu ainda não terminei de ler*). são uma delícia. A única coisa que a diretora pode fazer é colocá-la dando aula para as meninas menores, assim, ela não poderia influenciar as adolescentes, essas, sim, criaturas susceptíveis. Eis o grande engano cometido até hoje, dar aula para crianças é algo muito sério, mas há quem ache que é um trabalho menor, que qualquer um pode fazer. Miss Brodie sabe disso que não é assim, ela exerce fascínio sobre as meninas e seleciona todos os anos um grupo de alunas que serão o créme-de-la-créme. E o que as meninas precisam fazer para serem escolhidas? A rigor nada, porque Miss Brodie é capaz de lhes enxergar a alma. E quem não é escolhida, bem, é porque ela não quis! A comparação entre Jean Brodie e Deus para o Calvinismo é perfeita! Muriel Spark, a autora, como ex-calvinista, entendia bem a coisa. Miss Brodie é terrível e, ao mesmo tempo fantástica, ela consegue enredar as meninas que se sentem felizes, conversa com elas como se fossem adultas, mas tenta manobrar as suas vidas. E, claro, vem a tragédia, pois uma das meninas morre, e Miss Brodie perde tudo, suas meninas, e seu emprego.

Eu não consigo não gostar dela, mas há tantos professores assim por aí, que usam do seu lugar para exercer influencia sobre os alunos e alunas. Eu tive um professor monarquista – só para ilustrar como minha vida é cheia de situações inusitadas, citar professor de esquerda é fácil, eu tive a minha cota de fascistas, também, sabe? – que em 1991 conseguiu convencer um monte de alunos da turma de que o Regime Monárquico era o mais perfeito, o ideal, e que a República só tinha trazido danos ao Brasil. Depois da proclamação da República seguimos com a família real para a Europa no exílio. Como ele era um sujeito com um discurso bem articulado, convenceu muita gente. Na 5ª série tive uma professora de Matemática que defendeu Hitler e o Holocausto em sala de aula, no 1º ano, minha professora de História, que era negra, era apaixonada por Mussolini. As duas, no entanto, não eram lá muito amadas por nós, daí, acho que o estrago foi muito pequeno. Eu nunca tive uma Miss Brodie como professora no ginásio, mas acho que se tivesse, cairia sob seu encanto, sem dúvida.

O último professor do dia é Nunca te Amei (The Browning Version) protagonizado por Albert Finney no papel do professor de grego e latim para a 5ª série Andrew Crocker-Harris. Nunca te Amei se passa em uma escola de elite tradicional, como os dois anteriores, na qual os meninos para estudarem ciências precisam vencer um ano de estudos clássicos. Os meninos odeiam o professor que é gentilmente chamado de “Hitler da 5ª série”. E ele é desagradável, os próprios colegas fingem que gostam dele, e a esposa o trai com o divertido professor de ciências, o adorável Mathew Modine. Tudo vai em tom muito depressivo até que Crocker-Harris descobre que será aposentado compulsoriamente, provavelmente sem direito à pensão, e substituído por um professor mais jovem, pois a escola vai reformar o currículo e tirar os clássicos para introduzir línguas modernas. É o fim de sua carreira e o desprezo que demonstram por ele é enorme. O professor tem uma última missão, dar a recuperação para um garoto, o tal Browning do título original, que parece ser, pasmem, o único aluno que gosta dele. E o menino gosta mesmo, admira a inteligência do professor, consegue até achar interessantes as aulas de recuperação em grego e escreve uma versão tipo Cavaleiros do Zodíaco para a peça Agamenon (*é o trabalho de recuperação*) que deixa o sisudo professor deslumbrado.


Só que o menino descobre que a mulher de Crocker-Harris o trai com o professor de ciências, que é o ídolo de todos. E a mulher do professor, que andava espantada com o bom humor do marido graças ao menino, descobre que ele descobriu. Daí, ela envenena o professor contra o aluno. E a depressão retorna. O discurso final, não encontrei o trailer no Youtube, mostra o professor jogando no ventilador toda a sua frustração, a dor de ter sido desprezado pelos colegas, mas pedindo perdão aos alunos, porque ele toma consciência de que ele nunca amou as aulas que deu, então, como os alunos poderiam amar? Como achar graça? Como estudar? Ser professor tinha sido um peso em sua vida e um estrago para gerações de meninos. É um belo e triste filme. Mas quanta gente está causando estrago na sala de aula? É infeliz e leva sua infelicidade para a vida de tantos meninos e meninas por aí, e tudo porque "professor sempre vai ter emprego" ou "qualquer um pode ser professor". Crocker-Harris é o professor que a gente não deseja ser. É isso, Nunca te Amei, a versão que assisti, não saiu ainda em DVD no Brasil, mas vale a pena.

Se ainda sobrar um espaço, peguem a epopéia da professora mais determinada de todos os tempos, O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker). Aqui, a professora é a heroína, a “fazedora de milagres” que trouxe para o mundo uma menina cega e surda, a jovem Hellen Keller. Este saiu recentemente em DVD no Brasil. Mas aviso logo que ser Anne Sullivan é para muito poucos. Com certeza, eu não conseguiria fazer o que ela fez. Ah, sim! E se você odeia seus professores e a escola, a sugestão é o libertador IF. Sucesso de público quando eu estava no 1º ano. Foi surpresa descobrir que mesmo sendo um filme alternativo e passando tarde da noite, muitos de meus colegas asssitiram. Mas, é isso! Feliz Dia das Professoras e dos Professores para vocês! Quem puder, contribua para o nosso Shoujocast especial.

sábado, setembro 11, 2010

Hypatia de Alexandria: Inimiga Pública



Desde que li a primeira vez sobre Hypatia de Alexandria fui tomada de grande fascinação por ela. Daria um ótimo filme... Daí, o anúncio do filme Ágora, ainda inédito no Brasil, me fez ficar atenta a tudo que aparecia sobre ela. Pois bem, eu já assisti o filme, não acredito que ele será lançado em cinema por aqui, e pretendo fazer uma resenha. Mas comprei o nº499 da revista espanhola Historia Y Vida e havia um perfil curto sobre Hypatia. A revista chega com meses de atraso no Brasil, então, deve ter sido da época do lançamento na Espanha. Achei que valia a pena traduzir e colocar no blog. Pretendo passar para os meus alunos e alunas da faculdade na semana que vem. Segue o texto traduzido:

Inimiga Pública

Hipatia, resgatada pelo cinema por Amenábar, pecou por ser pouco convencional em tempos ultraortodoxos

Nicolás Brihuega, Historiador

Tanto por sua formação intelectual quanto por sua trágica morte, Hypatia de Alexandria é provavelmente a mais célebre de todas as mulheres que dedicaram a sua vida à ciência na Antigüidade. Dela possuímos dados suficientes para traçar uma biografia fidedigna. Ainda se desconhece a data exata de seu nascimento (são possíveis os anos de 350, 370 ou 375 d.C.), a de sua morte não representa dúvidas: foi assassinada no ano de 415. A Alexandria de sua época era uma cidade cosmopolita como nenhuma outra, um formigueiro de religiões competia para ganhar adeptos. De todas elas, a cristã, como religião oficial do Império Romano, perseguia o objetivo de eliminar os outros cultos. O paganismo, junto com as heresias que se afastavam do credo oficial, era o grande inimigo a bater.

Com este pano de fundo tão desfavorável para os cultos tradicionais, Hypatia exerceu o cargo de diretora da Biblioteca, instituição pagã por excelência. E o fez graças a sua formação cultural modelar. Seu pai, o filósofo e matemático Téon, se preocupou, contra o que era o padrão daqueles tempos, que sua educação fosse de primeira linha. Baseou sua preparação em um profundo conhecimento da filosofia, da astronomia e das matemáticas.

O modo de vida realmente original de uma mulher como Hypatia não passava despercebido a ninguém, provocando muita suspeita, em especial entre as autoridades da Igreja. Hypatia não era uma pessoa a quem interessavam os bens materiais. Se vestia humildemente, se alimentava de forma espartana e se cobria com o tribón, o manto tradicional dos filósofos. Sua fama ultrapassava fronteiras. Atenas, a antiga capital da filosofia, lhe concedeu a coroa de louros, uma distinção honorífica que era entregue aos intelectuais de maior prestígio e aos seus cidadãos prediletos.

No ano de 390, o bispo Teófilo (inimigo declarado do paganismo) ordenou a destruição dos templos gregos, inclusive a maravilhosa Biblioteca, com todo o seu conteúdo de livros “ímpios”. Se havia alguém que despertava o ódio doentio do bispo, esta era Hypatia. Ninguém como ela conhecia e explicava a Aritmética de Diofanto, um tratado sobre equações de primeiro e segundo grau. Seus conhecimentos de astronomia foram fundamentais para a invenção do astrolábio plano, empregado para medir a posição das estrelas, os objetos celestes e o sol, além de calcular o tempo e o signo ascendente do zodíaco.

O sucessor de Teófilo no episcopado alexandrino não seria mais tolerante. Se tratava de seu sobrinho Cirilo. O novo bispo desejava que a cidade fosse plenamente cristã e não teve dúvidas em se rodear de uma brutal guarda pretoriana, os Parabolani, jovens fanáticos que, sob as ordens de Cirilo, organizavam razias contra os adversários políticos ou religiosos.

Convertida em Bruxa

Hypatia era, além de uma intelectual perigosa, amiga pessoal do governador alexandrino Orestes, entre outros notáveis, tanto pagãos quanto cristãos. O bispo não só arremeteu contra ela por seu pecado de não adorar o Cristo, como também se encarregou de propagar o rumor de que praticava magia negra. Incitou seus fanáticos seguidores para, enquanto deixava claro quem ostentava o poder na cidade, eliminar a conselheira e confidente de Orestes.

João, bispo de Nikiu, narra em sua Crônica como aconteceu o assassinato da filósofa: “Uma multidão de crentes em Deus apareceu sob a direção do magistrado Pedro (um ajudante de Cirilo), e foram buscar a mulher pagam que tinha dominado as pessoas da cidade e o prefeito com sues encantamentos. Quando descobriram o lugar em que estava, a seguiram e a encontraram em uma cadeira, e tomando posse dela a arrastaram até a igreja de Cesarión... Rasgaram suas roupas e a arrastaram pelas ruas até que morreu. Logo a levaram para o Cenarión e queimaram o seu corpo. As pessoas rodearam ao patriarca Cirilo e o chamaram de “o novo Teófilo”, porque havia destruído os últimos restos de idolatria da cidade”. Arrastada violentamente de sua casa pela turba de fanáticos, ao que parece arrancaram sua pela com pedaços de cerâmica (ostrokoi).

A morte de Hypatia não só significou a desaparecimento violento de uma das mentes mais privilegiadas da Antigüidade. Sua eliminação foi um passo a mais na lenta agonia da filosofia helenística. Teríamos que esperar até o Iluminismo para que se produzisse um renascimento do interesse por Hypatia, graças a historiadores como Edward Gibbon. Em sua luta contra a religião e em sua incondicional defesa do livre pensamento, os homens das luzes converteram Hypatia em uma precursora de tudo o que defendiam.

Hollywood Bate as Aulas de História



Não acho que a pesquisa seja surpresa para a maioria dos professores de História, só acho que 108 alunos é muito pouco para afirmar categoricamente algo do gênero. Também seria interessante fazer uma pesquisa assim em vários países. Será que os filmes são mais fortes como referência somente nos EUA? Agora fiquei curiosa... ^_^ Segue a materiazinha traduzida da revista espanhola Historia Y Vida (nº499/p.13)

Hollywood Bate as Aulas de História

Não importa se é correto ou não o que se vê nos filmes históricos, os estudantes registram como verdadeiro mesmo quando tinham lido em seus livros escolares ou quando tenham escutado de seus professores o contrário. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada na Universidade de Washington em St. Louis. Em seu experimento com 108 alunos, quando a informação dos filmes contradizia a dos livros, quase a metade dos jovens recordava unicamente os dados incorretos das películas. Em algumas ocasiões, inclusive, atribuíam aos livros as informações que vinham dos filmes.

P.S.: A matéria original, em inglês, pode ser encontrada aqui: Students Recall More Hollywood than History. Talvez, eu traduza depois. Aqui tem uma matéria de um site brasileiro sobre a pesquisa, também.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Papiro egípcio achado em antigo pântano irlandês



Não conhecia o Saltério de Faddan More e achei a descoberta fenomenal. Por conta disso, decidi traduzir o artigo do do site Physorg. espero que realmente se consiga provar o cristianismo egipcio, talvez via Península Ibérica, influenciou a Igreja Irlandesa. Segue a tradução.



Papiro egípcio achado em antigo pântano irlandês


6 de setembro de 2010

Cientistas irlandeses encontraram fragmentos de um papiro egípcio dentro da capa de couro de um livro de salmos retirado de um terreno pantanoso, disse o Museu Nacional Irlandês na segunda.

O papiro dentro da capa de couro em estilo egípcio que cobria um manuscrito de 1200 anos, “potencialmente representa a primeira conexão tangível entre a Igreja Irlandesa primitiva e a Igreja Cóptica do Oriente Médio”, diz o Museu. “É uma descoberta que levanta muitas questões e tem perturbado algumas das teorias aceitas sobre a História do Cristianismo primitivo na Irlanda.”

Raghnall O Floinn, reponsável pelas coleções do Museu, disse que o manuscrito, agora conhecido como “Saltério de "Faddan More”, e uma das descobertas arqueológicas mais importantes da Irlanda. Ele foi desenterrado quatro anos atrás por um homem que usava uma escavadeira mecânica para extrair turfa perto de Birr no Condado de Tipperary, mas a análise só agora foi completada.

O Floinn contou para a AFP que o pergaminho manuscrito envolvido pela capa de couro data do século VIII, mas não se sabe quando e porque ele terminou dentro do pântano onde foi preservado pelos elementos químicos presentes na turfa.

“Parece que a capa de couro do manuscrito vindo do Egito. A questão é se o papiro veio junto com a capa ou se ele foi acrescentado depois. É possível que as imperfeições na capa possam nos permitir confirmar que a pele é egípcia. Nós estamos tentando rastrear se há alguém que pode nos dizer se isso é possível. Este é o próximo passo.”

V disse que o saltério é do tamanho de um jornal tablóide e cerca de 15% das páginas dos salmos, que estão escritos em latim, sobreviveram. Os especialistas acreditam que o manuscrito dos salmos foi produzido em um mosteiro irlandês e foi colocado posteriormente na capa.

“A capa pode ter tido vários usos antes de terminar basicamente como um envoltório para o manuscrito no pântano,” disse O Floinn. “Ela pode ter viajado de uma biblioteca em algum lugar no Egito para a Terra Santa ou para Constantinopla ou Roma e então para a Irlanda.” O Museu Nacional em Dublin planeja colocar o saltério em exposição pública no início do ano que vem.

(c) 2010 AFP

domingo, agosto 01, 2010

Bangue-bangue e espaguete



Uma das boas lembranças da minha infância é assistir filmes de faroeste com meu pai. Até hoje, ele é muito fã do gênero. Com o tempo, fui descobrindo o quão peculiar é o "faroeste espaguete", a bela música de Enio Morricone, e, claro, que foi esse tipo de filme que projetou Clint Eastwood. hoje, muito do cinema pop bebe na genialidade de Sergio Leone e podemos ver isso, por exemplo, Kick-Ass. Enfim, segue a matéria do Correio Braziliense. Haverá uma mostra do gênero no CCBB daqui do DF.

Bangue-bangue e espaguete

Mostra resgata melhores filmes do faroeste italiano, como Django, Três homens em conflito e Eles me chamam Trinity

Ricardo Daehn


O gênero cinematográfico homenageado pode até ser dos mais antigos, com Certidão de Nascimento datada de 1903, mas a verdade é que a mostra Faroeste spaghetti: o bangue-bangue à italiana, a partir de terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), tem por mérito avançar na exibição de um nicho de subprodutos irreverentes (por vezes, austeros) capazes de, reformulados, repercutir por décadas. Contemporâneos ao cinema existencialista de Michelangelo Antonioni e às populares comédias à italiana, e antecessores do cinema político da terra de Elio Petri, os mal distribuídos (no Brasil) títulos do faroeste espaguete engataram uma linha de produção sessentista na qual, em dois anos, foram feitos mais de 130 filmes.

Sem pretender fazer uma representação histórica (acatando o tipo de western que encobriu até a matança dos índios), o faroeste spaghetti se valeu de redefinições nos heroicos conceitos de pioneirismo e nas lambanças que propunham o restabelecimento da ordem em vilarejos, isso sem desprezar a função dinâmica das cenas de acertos de contas. Aparar o psicologismo excessivo nos títulos norte-americanos foi uma das metas de Sergio Leone, o representante máximo das inovações com o faroeste spaghetti, tido por Clint Eastwood como um terreno “para a comédia atuada com absoluta seriedade”.

O diretor de Menina de ouro, por sinal, se converteu ao culto de Leone, por um irrisório salário de US$ 15 mil, mais as passagens para a Espanha, ambiente das filmagens de Por um punhado de dólares (1964), que inaugurou a confraria, estendida por seis filmes, entre Leone e o mitificado compositor Ennio Morricone.

Enquanto o diretor John Sturges assumiu o decalque de Os sete samurais (de Akira Kurosawa), no clássico western Sete homens e um destino (1960), Sergio Leone, baseado em Yojimbo (outra fita de samurai de Kurosawa), comandou Por um punhado de dólares (programado para a mostra) com mesclas de humor e fatalismo para o primeiro dos “homens sem nomes” embutidos numa trilogia dos dólares (que terá exibição completa no CCBB). No roteiro que cunhou a célebre expressão “Adiós, amigo”, Clint Eastwood era o forasteiro Joe, que, metido numa contenda das dinastias Baxter e Rojo, em torno de contrabandos, se torna volúvel, na mexicana região de San Miguel.

Referencial, ao menos no nome, para toda a sorte de genéricos que se apropriaram do papel-título, Django (1966), outro eleito para a mostra em Brasília, trouxe “o papel mais importante da carreira” para Franco Nero, ator de filmes até de Luis Buñuel e Rainer-Werner Fassbinder. Morto há 20 anos, o diretor Sergio Corbucci, que adotou o pseudônimo Stanley Corbett (num artifício corriqueiro, haja vista inclusive Leone se autodenominar Bob Robertson) na realização de Django prestou homenagem, pelo título, ao jazzista Django Reinhardt.

Ex-crítico de cinema e diretor assistente de Roberto Rossellini, Corbucci — com passado inserido no gueto capa, espada e sandálias — também teve samurais como fonte de inspiração para a história do pistoleiro que carrega um misterioso caixão e atira a esmo, depois de chegar a uma região esvaziada pelo racismo, entre outras fontes de intolerância. Com esmero técnico, o filme tem notável música de Luis Enríquez Bacalov (premiado com O carteiro e o poeta), além de fotografia assinada por Enzo Barboni.

Barboni, por sinal, está representado em Faroeste spaghetti: o bangue-bangue à italiana por Eles me chamam Trinity (1970) e Trinity ainda é meu nome (1971), ambos calcados na química de bons desentendimentos fundada pela dupla Carlo Pedersoli e Mario Girotti, mais conhecida por Bud Spencer e Terence Hill. Bom “castigo”, aliás, foi imposto para Hill, segundo o diretor Tonino Valerii, que, no cultuado Meu nome é ninguém (1973), fez o antigo pândego Hill encarar o lendário Henry Fonda (na pele do quase aposentado ídolo Jack Beauregard). Produzido por Sergio Leone, o filme — que traz uma marcante cena de impostores infiltrados numa barbearia — foi realizado na província espanhola da Almería (com outras cenas ainda nos EUA) e encerra uma espécie de epitáfio ao faroeste spaghetti, com reverências que se estendem a Sam Peckinpah (Meu ódio será sua herança) e Samuel Fuller (Matei Jesse James).

Do luxo ao nicho

Dos recorrentes enredos que tocam em desbravamentos ferroviários ou investem em fugas e aventuras rocambolescas, a mostra Faroeste spaghetti: o bangue-bangue à italiana reserva insuspeitas curiosidades. São factoides do porte da investida dos socialmente engajados Damiano Damiani e Klaus Kinski no popularesco gênero, com Uma bala para o general (1966). Na lista, vale destacar as excentricidades prévias do cineasta Enzo Castellari — saudado por Quentin Tarantino na apropriação do título The inglorious bastards (1978). Castellari, que levou até personagens shakespearianos para os saloons, em Johnny Hamlet (1968), na mostra do CCBB será representado por Keoma (1976), encabeçado pelo solitário personagem de Franco Nero. No ano em que esteve à frente de outros três filmes, 1969, Giuseppe Colizzi é lembrado, na programação, por Trinity — A colina dos homens maus.

Finalmente, seria uma completa heresia falar de faroeste spaghetti sem citar Era uma vez no Oeste (1968), uma ritualística obra de Sergio Leone, com cinco longas integrados ao painel que tem Alexandre Sivolella como curador. Se cruzou fronteiras “interplanetárias” do épico (como definido por um crítico estrangeiro), com Três homens em conflito (1966) — centrado em Clint Eastwood, Lee van Cleef e Eli Wallash, literalmente, enterrados pela ganância que circunda 200 mil ilícitos dólares —, Leone teve como alicerce as imagens capturadas por Tonino Delli Colli. É do mesmo profissional que, novamente, ele se vale, no revisionista Era uma vez no Oeste, que teve a versão integral propiciada, em 1980, pelo interesse pessoal de Martin Scorsese.

Faroeste spaghetti: o bangue-bangue à italiana

Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2; 3310-7087). De terça-feira a 22 de agosto, com sessões diárias (exceto às segundas-feiras). Vinte filmes selecionados sob a curadoria de Alexandre Sivolella serão apresentados em película, a partir do apoio do Instituto Italiano de Cultura. Ingressos, R$ 4 e R$ 2 (meia). Não recomendado para menores de 12 anos.

Música para os olhos

Depois de incursões como arranjador para músicas de Mario Lanza e Rita Pavone, para além das animações em clubes noturnos, Ennio Morricone seguiu em direção a uma sólida carreira de compositor de trilhas cinematográficas e televisivas, num invejável conjunto com mais de 400 produções. Se começou a compor aos seis anos, Morricone seguramente foi influenciado pelo pai, um trompetista de jazz. O trombone foi instrumento de interesse para ele, que, dado o acelerado aprendizado, concluiu em menos de dois anos o curso de música na prestigiada Accademia di Santa Cecilia (Itália).

Tendo trabalhado com diretores de peso, entre os quais Gillo Pontecorvo, Terrence Malick, Roman Polanski e até Federico Fellini, aos 81 anos, Morricone — que traz no currículo trilhas inesquecíveis como as de A missão (1986) e Os intocáveis (1987) — nunca se livrou do próprio legado, uma vez que é indissociável das colaborações com os faroestes, particularmente aqueles assinados por Sergio Leone.

Praça em Sergipe é o mais novo patrimônio mundial da humanidade



Minha família é originalmente de São Crtistóvão, em Sergipe. Quer dizer, pelo menos o lado paterno da família, já que o materno durante muito tempo foi bóia-fria e migrou por vários estados. De qualquer forma, é muito bom ver o conjunto arquitetônico de São Cristóvão incluído entre os patrimônios da humanidade. Espero que isos traga mais turismo, dinheiro para a cidade e conscientização por parte dos moradores. Quando estive lá em 1994 havia um grande rancor por aprte da população que via o tombamento como um engessamento da cidade, sem compreender que ali estaria a fonte de recursos da cidade. Não sei se o sentimento mudou, havia inclusive pixações na praça que agora foi tombada (*"Patrimônio histórico, morte da cidade!"*), espero que, sim. Segue a matéria do Correio Braziliense.


Praça em Sergipe é o mais novo patrimônio mundial da humanidade

Agência Brasil

Brasília - A Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE), foi incluída hoje (1/8) na lista de patrimônios mundiais da humanidade. Esse é o 18º bem brasileiro a fazer parte da lista, elaborada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão foi tomada durante reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em Brasília.

São Cristóvão é a antiga capital de Sergipe e a quarta cidade mais antiga do Brasil. A praça, construída entre os séculos 16 e 17, teve influência espanhola e portuguesa. É composta pela Igreja e pelo Convento de São Francisco, pela Capela da Ordem Terceira, hoje Museu de Arte Sacra, pela Santa Casa, pela Igreja de Misericórdia, pelo Palácio Provincial e pelo casario antigo. A cidade de São Cristóvão é tombada como patrimônio material pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (Iphan).

O Comitê do Patrimônio Mundial, responsável pela escolha, reúne representantes de 21 países, eleitos pelos Estados partes por quatro anos. A cada ano, o comitê acrescenta novos sítios à lista. A praça foi o único local brasileiro a concorrer.

Durante o evento foram incluídos outros patrimônios mundiais na lista. Entre eles, o Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall. O lugar, que fica no Oceano Pacífico e é conhecido por sua grande riqueza ambiental e geológica, foi alvo de 67 testes nucleares depois da Segunda Guerra Mundial, incluindo a explosão de uma bomba de hidrogênio em 1952.

Veja os bens brasileiros que fazem parte da lista de patrimônios mundiais.

Patrimônio Mundial Natural

1 - Parque Nacional do Iguaçu (PR)
2 - Costa do Descobrimento (BA e ES)
3 - Reservas da Mata Atlântica (SP e PR)
4 - Complexo de áreas protegidas do Pantanal Matogrossense (MT e MS)
5 - Áreas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional das Emas (GO)
6 - Ilhas Atlânticas Brasileiras – Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN)
7 - Complexo de Áreas Protegidas da Amazônia Central

Patrimônio Mundial Cultural

1 - Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto (MG)
2 - Centro Histórico de Olinda (PE)
3 - As Missões Jesuíticas Guarani, ruínas de São Miguel das Missões (RS)
4 - Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo (MG)
5 - Centro Histórico de Salvador (BA)
6 - Plano Piloto de Brasília (DF)
7 - Parque Nacional da Serra da Capivara (PI)
8 - Centro Histórico de São Luís (MA)
9 - Centro Histórico de Diamantina (MG)
10 - Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO)

quarta-feira, julho 28, 2010

Do Sudário à barba de Maomé, os objetos mais adorados do mundo



Essa matéria do Jornal o Dia fala dos objetos (*relíquias*) mais venerados do mundo. Vale pela curiosidade. Atenção para quantas igrejas (*e até mesquita*) têm a cabeça de São João Batista. Isso me lembra uma cena do livro (*não está no filme*) O Nome da Rosa, de Humberto Eco, na qual Adso, o noviço, estava fascinado pelas relíquias do mosteiro beneditino. Seu mestre, William de Baskerville, diz que aquelas relíquias não eram nada, pois relíquia realmente santa tinha uma catedral na Alemanha, o crânio de João Batista aos 12 anos de idade. Adso dá glórias e pulinhos, até que a ficha cai “Mas, mestre, João Batista morreu com mais de 30 anos!”. E o mestre responde: “Para você ver o tamanho do milagre, Adso!”. ^_^

Do Sudário à barba de Maomé, os objetos mais adorados do mundo

Revista ‘Time’ elaborou lista das 10 relíquias mais famosas de todas as religiões. Veracidade das peças é discutida

Rio - Cristão não, há grande chance de você já ter ouvido falar do Santo Sudário, pedaço de tecido mantido no Vaticano que teria envolvido o corpo de Jesus após a crucificação. É menos provável, entretanto, que saiba da existência do dente de Buda, da barba de Maomé ou do sangue de São Januário. Tudo isto faz parte da lista das 10 relíquias religiosas mais famosas, divulgada pela revista ‘Time’.

Com 4,3m, o Sudário é mantido desde o século 16 na Catedral de Turim, Itália. Em seguida na lista, vem o sangue de São Januário, de Nápoles, Itália, decapitado no século 4. Segundo fiéis, várias vezes por ano a substância, mantida numa ampola, torna-se líquida. Também na Itália, em Roma, são mantidas as correntes que teriam aprisionado São Pedro em Jerusalém.

A primeira relíquia não-cristã na lista é a barba de Maomé, que fica no palácio do Museu de Topkapi, Turquia. Apesar de o profeta ter proibido a adoração de outros seres fora Deus, a relíquia é visitada por milhares de pessoas todo ano. O mesmo museu mantém uma pegada daquele que, para os muçulmanos, escreveu a palavra de Deus no Alcorão.

O budismo também tem uma relíquia na lista: o canino esquerdo do líder Buda. O dente está num templo no Sri Lanka. Outra relíquia é a Cruz da Videira, maior símbolo da Igreja Ortodoxa da Geórgia e que teria sido presenteada a uma pregadora do país pela própria Virgem Maria. Por falar na mãe de Jesus, há ainda o Cinto Sagrado de Maria, numa Igreja na Itália, e a Túnica da Virgem Abençoada, na Catedral de Chatres, na França. Esta teria aparecido intacta após incêndio. Talvez a relíquia mais estranha, porém, seja a cabeça de São João Batista. Quatro instituições dizem estar com ela, retirada do corpo do santo após pedido da princesa Salomé, filha de Herodes Filipe. Parece muita cabeça para pouco santo...

Mistério da cabeça de São João Batista

Muitas das relíquias têm a veracidade discutida. Por ser respeitado por várias denominações cristãs e pelos muçulmanos, o paradeiro da cabeça de São João Batista é, de longe, o que levanta mais controvérsia. Reivindicam estar com ela a Mesquita de Umayyad, em Damasco; a Igreja de São Silvestre, em Roma; o Museu Residenz, na Alemanha; e a Catedral de Notre Dame de Amiens, na França. O Museu de Topkapi, na Turquia, diz ter o braço do santo e parte da cabeça. Um monastério ortodoxo também afirma ter a mesma relíquia e outro, na Sérvia, sua mão direita, a que teria batizado Jesus.


Também há pesquisadores que duvidam, por exemplo, tanto da pegada de Maomé como dos supostos fios de sua barba. Já o tal dente de Buda pode nem ser humano. Especialistas em odontologia já o questionaram, dizendo que, pelas suas características, é mais provável que tenha pertencido a um animal.

Israel tem inscrição que pode vir do código de Hamurábi



Matéria da Folha de São Paulo.

Israel tem inscrição que pode vir do código de Hamurábi

DE SÃO PAULO
Há décadas que os estudiosos do texto bíblico apontam semelhanças entre as leis de Moisés e o código legal do rei babilônio Hamurábi. Agora, arqueólogos israelenses acharam um possível "elo perdido" entre as duas legislações: um fragmento cujo texto lembra o código de Hamurábi, com 3.700 anos. Os cacos de escrita cuneiforme (originária do atual Iraque, mas empregada numa ampla área do Oriente Médio na época) vêm de Hazor, no norte de Israel. Segundo pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, responsáveis pelo estudo dos fragmentos, o texto provavelmente é uma lei envolvendo danos corporais a um escravo. Entre as palavras já decifradas estão "senhor", "escravo" e "dente". Na época, a região era dividida em cidades-Estado, anteriores à formação do reino de Israel, de cujos habitantes os judeus modernos descendem, em grande parte.

sexta-feira, julho 09, 2010

O Diário de Anne Frank vira Graphic novel



Anne Frank deve ser uma das adolescentes mais famosas do século XX, talvez mesmo da História. Menina judia, manteve um diário desde o seu aniversário dos 13 anos, em junho de 1942, pouco antes de ter que entrar em um esconderijo com sua família para fugir dos nazistas, até pouco antes de sua morte, no campo de Bergen-Belsen, em 1945. Seu diário foi traduzido em várias línguas e sua história recontada em filme, peça teatral, minissérie, anime, etc. Segundo o jornal inglês The Guardian, a HQ tem como objetivo atingir um público que nunca leu o diário e que, provavelmente, não o leria. O roteirista da HQ é Sid Jacobson, e o desenhista é Ernie Colón. A graphic novel será lançada simultaneamente nos EUA e na Inglaterra, mas edições em francês, alemão e italiano já estão emmplanejamento.

sexta-feira, junho 25, 2010

PSDB comemora 22 anos de fundação



O PSDB foi fundado em 1988 como partido de Centro-Esquerda que defendia o Parlamentarismo, de lá para cá, muita coisa mudou. E, pelas notícias que ando lendo, o fundador do partido, Mário Covas, parece estar sendo pouco lembrado esses dias em que a preocupação são as pesquisas eleitorais e a escolha do vice. Segue a notícia do Portal R7 sobre o aniversário do partido.

Tucanos comemoram 22 anos do PSDB e lembram “legado”de FHC

Christina Lemos, colunista do R7

O PSDB completou nesta quinta-feira (24) os 22 anos de fundação sem grandes festas, mas com um esforço de resgate da imagem de seu presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso. Deixe seu comentário no blog da Chris Lemos

Artigo publicado na página eletrônica do partido destaca declaração do ex-presidente do Brasil: “Foram 22 anos de mudanças no Brasil e nos Estados governados por nós. Mudanças na economia, sempre a favor do povo mais pobre e de uma economia mais dinâmica”.

FHC faz questão de sublinhar a diferença, segundo ele, “de estilo” das gestões tucanas, "acima de tudo, consolidando as instituições democráticas e mantendo um estilo sóbrio de governar, sem leniência com a corrupção”.

As comemorações do aniversário, no entanto, perderam o brilho depois do resultado da última pesquisa de intenções de voto indicando a queda do candidato José Serra. O momento é de dificuldades no partido até mesmo para a escolha do vice na chapa do ex-governador.

Como exemplos do “legado” do PSDB, os tucanos citam a implantação do Plano Real, a criação e implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal – que prevê prisão para gestores públicos que contraírem dívidas e gastarem em excesso –, e a implantação dos medicamentos genéricos – uma das principais marcas da passagem de Serra pelo Ministério da Saúde.

Destacam também os números do partido para reforçar sua representatividade. O PSDB tem hoje seis governadores (São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas e Roraima), 800 prefeitos, 59 deputados federais, 14 senadores, 137 deputados estaduais, 6.000 vereadores. Após a derrota dos tucanos para os petistas em 2002, na oposição a Lula, a legenda, no entanto, encolheu e tornou-se a terceira força política nacional, atrás de PMDB e PT.

quinta-feira, junho 24, 2010

Aulas para Download


Tinha prometido nas aulas de ontem colocar as aulas em Power Point para download. Claro, que somente aquelas que eu tivesse alterado muito em relação as que estão na página do Colégio. Acho que são essas as duas que foram mais mexidas. Hoje tento colocar outras. Seguem os links: Formação do Estado de Israel, Guerra Fria, Independência de Angola e Revolução Chinesa.

domingo, junho 20, 2010

Vista a Minha Pele: E se nosso mundo fosse invertido?



Eu gosto muito de A Negação do Brasil do Joel Zito. Tenho várias críticas, mas é um documentário fundamental apra refletir sobre o racismo na TV brasileira. Na mesma linha é Vista a Minha Pele (2003). Trata-se de um curta metragem invertendo a forma como brancos e negros (*assim mesmo, duas cores, pois infelizmente o autor não consegue ver mestiços*) vivem aqui no Brasil.

Teria várias críticas, também, por exemplo, em um Brasil "invertido" jogadores de futebol, funkeiros e pagodeiros teriam que ser, em sua maioria, brancos, mas o documentário não toca nisso. Ser professor é profissão "de pobre" ou "idealista", então, é meio absurdo que todos os professores e professoras sejam negros. Também conheço várias diretoras negras, exatamente porque ser diretor/a de escola de Ensino Fundamental e Médio é profissão de pouco prestígio social, daí, mulheres negras poderem ocupar esse posto com mais freqüência que as diretorias de grandes empresas ou a reitoria de uma universidade pública ou privada.

No entanto, as reações dos comentaristas do Youtube mostra bem que o objetivo foi atingido. É muito difícil para a maioria imginar um mundo no qual Xuxas e Angélicas fossem negras, ou que cabelo liso fosse um estigma, ou que os galãs mais desejados fossem homens negros. Para quem não sabe, um filme americano abordou a questão da mesma maneira, mas não de forma didática e com adolescentes, trata-se do filme A Cor da Fúria (White Man’s Burden), com John Travolta, de 1995.

sábado, junho 19, 2010

Evento celebra o primeiro carro produzido no Brasil



Triste que este automóvel já nasceu condenado, porque foi o Governo JK que fez a opção pela indústria automobilística estrangeira com a chegada da s grandes montadoras no Brasil. Enfim, mas a Romi-Isetta é um clássico e precisa ser lembrada. A matéria que segue estava no Jornal O Dia.


Evento celebra a pioneira

Fabricante da Romi-Isetta, a Romi faz 80 anos e reúne coleção dos primeiros carros totalmente nacionais

POR LUIZ ALMEIDA

Rio - Um clássico entre os automóveis brasileiros, a Romi-Isetta receberá homenagens neste sábado, quando será realizado o Encontro Nacional de Romi-Isettas. O evento acontecerá em Santa Bárbara d'Oeste, São Paulo, como parte das comemorações dos 80 anos das Indústrias Romi, fabricante do modelinho.

Primeiro carro a ser fabricado no Brasil, produzido entre os anos de 1956 e 1959 — as peças tiveram produção estendida até 1961 —, a Romi-Isetta tinha como base o Iso Isetta, projeto dos italianos Ermenegildo Preti e Pierluigi Raggi. De dimensões compactas, a Romi-Isetta era dono de um desenho único, criado pelo designer italiano Giovanni Michelotti. Por aqui, foi oficialmente lançado no dia 5 de setembro de 1956 — na Itália chegou ao mercado três anos antes.

Clássico da indústria automotiva brasileira e mundial, a Romi-Isetta era dono de algumas características marcantes. Porta frontal única, motor transversal instalado no entre-eixos e capacidade para apenas duas pessoas. Outras curiosas características eram a coluna de direção — entre os pedais de freio e de embreagem — e a alavanca de câmbio — posicionada à esquerda, com as quatro marchas em posição inversa da usual.

No início da produção, a Romi-Isetta era equipado com motor de 198 cilindradas e 9,5 cv de potência, que foi substituído pelo propulsor BMW de 298 cilindradas e 13 cv de potência. Bastante leve — pesava 360 kg —, o modelo chegava à máxima de 90 km/h e era capaz de fazer até 25 km/l.

Apesar do apelo da economia de combustível, a vida da Romi-Isetta foi curtíssima. O motivo foi a aprovação, em fevereiro de 1957, pelo GEIA — Grupo Executivo da Indústria Automobilística —, do decreto que concedia incentivos fiscais para empresas que produzissem carros para quatro ou mais passageiros e com pelo menos duas portas. Sem incentivos, a Romi-Isetta ficou caro e teve a produção oficialmente finalizada em 1961.

Réplica resgata o velho sonho

Pensando em comprar uma Romi-Isetta zero quilômetro? Impossível? Pois, o empresário Américo Salomão garante que é possível. Afinal, há três anos ele produz, em Mairinque, São Paulo, réplicas do saudoso dois lugares, que se tornou um clássico da indústria automotiva mundial.

A produção das réplicas, aliás, começou meio por acaso. Quando restaurava sua Romi-Isetta ano 1959, Américo Salomão ouviu o irmão confessar que gostaria também de ter uma, mas que os altos preços cobrados numa original — entre R$ 70 mil e R$ 100 mil — impediam de realizar tal sonho. "Resolvi, durante a restauração, fazer uma réplica. Algumas pessoas ficaram sabendo e vimos que dava para fabricá-las", conta o empresário.

A produção foi oficialmente lançada em 2009 e, segundo Américo, as réplicas mantêm quase todas as características originais do modelo. Como não é mais possível encontrar determinadas peças, a solução foi a fabricação própria. Dobradiças das portas e lanternas traseiras, por exemplo, são feitas pelo próprio empresário, assim como os aros dos farois e alavanca do câmbio. "É um modelo muito específico, não dá para adaptar de outros carros", revela Américo Salomão.

Com produção artesanal, a carroceria das réplicas é feita em fibra de vidro com reforço interno com tubulação em aço. O chassi é tubular e, assim como as originais Romi-Isetta, o teto solar é feito em tecido, as janelas em acrílico e o para-brisa em vidro.

Já a suspensão dianteira é independente — os amortecedores são de motocicleta com molas helicoidais externas —, enquanto a traseira é Pro-Link. O motor é de quadriciclo, produzido pela chinesa Lifan, com 300 cilindradas e 30 cv de potência máxima. "Apenas a suspensão e o motor não têm as características originais, assim como os freios a disco nas quatro rodas e o câmbio de cinco marchas ou CVT", destaca Américo Salomão.

O empresário ressalta que as réplicas podem ser personalizadas. Pode-se escolher a cor, tipo de pintura, tecido do banco e rodas —www.replicadeisetta.com.br. "Os preços variam conforme a configuração, entre R$ 25 mil e R$ 40 mil", informa Américo Salomão.

sábado, junho 05, 2010

Os melhores filmes da Vera Cruz, de graça



Matéria da Revista Época desta semana. Vale a pena dar uma olhada, afinal, a Vera Cruz foi, junto com a Atlântida, a grande fábrica brasileira de cinema.

Os melhores filmes da Vera Cruz, de graça
Mariana Shirai

Você não precisa esperar a programação da próxima mostra de cinema brasileira. De sua casa, já dá para assistir a alguns dos melhores filmes produzidos no país. Também dá para ler todas as novidades culturais da década de 20 – ou até antes. O acesso, pela internet, está sendo garantido por dois sites culturais, donos de grandes acervos.

Depois de colocar no ar a poesia completa de Vinícius de Moraes, a Brasiliana Digital liberou para o acesso gratuito e ilimitado os fac-símiles das principais revistas culturais brasileiras do século XIX e XX. Em brasiliana.usp.br é possível encontrar marcos da crítica cultural como o mensário modernista Klaxon (leia no quadro abaixo), O patriota, primeiro periódico dedicado exclusivamente ao conhecimento científico no Brasil, e o anuário RASM, do artista e arquiteto Flávio de Carvalho.

As publicações vêm do acervo do bibliófilo José Mindlin, que morreu em fevereiro, aos 95 anos. “São ao todo 845 títulos de revistas brasileiras”, diz o historiador da USP Pedro Puntoni, diretor da Brasiliana. Mindlin reuniu coleções completas como o Correio Braziliense (já no ar) e outras raridades. Até agora, há apenas oito coletâneas no site, mas ao menos dez outros títulos já foram digitalizados e só aguardam ajustes finais.

“A ideia é lançarmos uma coleção a cada 15 dias”, afirma Puntoni. Os periódicos mais recentes, porém, precisarão aguardar algumas décadas, quando seus direitos autorais se tornarem domínio público – a não ser que os responsáveis permitam o uso do material. O acesso às revistas vai facilitar tanto a pesquisa acadêmica e amadora como o restabelecimento de um vínculo entre o passado e o presente do jornalismo cultural. “A maioria das publicações culturais de hoje desconhece a tradição brasileira de revistas”, diz Puntoni. “As soluções gráficas e de texto podem inspirar os produtores atuais ou, no mínimo, gerar reflexão.”

É o mesmo tipo de impacto positivo que deve causar a digitalização do acervo da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, um dos estúdios mais importantes do cinema brasileiro, que há 33 anos lançou seu último longa. No site elocompany.com.br, já é possível assistir, por streaming (download em tempo real) e em boa definição, a 13 longas de ficção e a cinco documentários da Vera Cruz. Entre eles estão Sinhá Moça, filme de Tom Payne com os astros Eliane Lage e Anselmo Duarte, Grande Sertão: veredas, de Geraldo e Renato dos Santos Pereira e estrelado por Tony Ramos e Bruna Lombardi, e o documentário Painel, em que Lima Barreto registra o artista Cândido Portinari pintando sua obra Tiradentes.

O acesso ao acervo coincide com a volta das atividades da companhia. Há algumas semanas, iniciaram-se as filmagens do documentário LB Persona, sobre a realização de um dos filmes brasileiros mais premiados e conhecidos internacionalmente, O cangaceiro, de Lima Barreto. Ao todo, a Vera Cruz produziu e coproduziu 40 filmes. Eles deverão ir para a rede aos poucos.

sexta-feira, junho 04, 2010

Conselho para escolher carreira


Sempre leio os textos do Contardo Calligaris e repasso para as minhas listas de discussão, este, especialmente, não poderia deixar de mandar. Seria bom se meus alunos e alunas pudessem ler, também. :) Saiu na Folha de São Paulo, só para assinantes.


CONTARDO CALLIGARIS

Conselho para escolher carreira

A ESCOLA pública italiana impunha uma aula semanal de religião (católica, claro). Na terceira série, aprendi que, para me tornar sacerdote, seria imprescindível que eu tivesse "a vocação" (com o artigo definido). Em princípio, essa condição facilitava as coisas: afinal, ou eu era chamado por Deus ou não era. No entanto, Deus não chama a gente por carta registrada.

Era possível, eu pensava, que ele se manifestasse por sinais misteriosos, que eu não entenderia, ou pior, que eu evitaria entender - talvez porque preferisse perseguir ambições mais mundanas ou porque meus pais não gostassem da ideia de ter um filho padre. Seja como for, se eu recebesse, mas não escutasse a chamada, não estaria apenas fazendo pouco caso da vontade divina: eu estaria fugindo de meu destino, seria culpado de desperdiçar minha vida.

Na quarta e quinta séries, foi a vez de o Estado se preocupar com nossas vocações. Naquela época, era necessário escolher muito cedo entre o clássico, o científico e os cursos técnicos que levavam diretamente para o trabalho, sem dar acesso para as faculdades.

Tratava-se, portanto, de saber se tínhamos jeito para as humanas ou para as exatas e, em cada caso, qual era o tamanho do nosso jeito. Uma casa caiu, sepultando seus moradores; seu primeiro pensamento é "se Deus existe, por que ele permite tamanho sofrimento?"; pois bem, as humanas são sua vocação.

Restava verificar, com outros testes, se você tinha pano suficiente para ser professor de filosofia ou se era melhor que você se contentasse em ser repetidor no primário. De fato, a orientação profissional precoce eternizava a divisão social (nunca vi um aluno de classe média-alta ser encaminhado para cursos técnicos). Mas a intenção era nobre: descobrir qual era a semente escondida em cada um de nós. Detectando o embrião de nossas aptidões e disposições, poderíamos agir de maneira que a vida realizasse plenamente o nosso potencial.

A partir dos anos 60, em grande parte graças à influência da psicologia de Alfred Adler, ficou claro que, na hora de escolher uma carreira, os talentos e as predisposições são tão importantes quanto os sonhos, os devaneios, as paixões e as imagens idealizadas de tal ou tal outra profissão que encontramos, por exemplo, nas ficções que nos marcam. O medo de não escutar a chamada divina foi substituído pelo medo de não entender direito nosso próprio desejo - pois seríamos competentes, "realizados" e felizes só se nossa profissão for uma extensão de nossas paixões íntimas. Nesse caso, o trabalho seria leve e divertido, como um hobby. Em suma, a semente que estaria em nós e que deveria vingar se tornou mais complexa. Mas a ideia de que existe uma semente que é preciso descobrir continuou valendo e preocupando pais e filhos.

Uma leitora, Cecília, me escreve sobre as inquietudes da filha, Luana, 16, na hora de escolher uma carreira que esteja "em consonância com a personalidade, o temperamento, o querer" de Luana e também "com o mercado do trabalho".

Uma sugestão para Luana. Entendo que a escolha de um vestibular, de uma faculdade e, em última instância, de uma profissão, pareça um ato definitivo, mas não é nada disso. Você pode mudar de faculdade e de carreira; pode cursar um ano de direito, escolher passar para ciências sociais, decidir que o que você realmente quer é biologia e, quem sabe, cursar medicina aos 35 anos. Menos óbvio e mais importante é entender que essas mudanças não seriam a prova de fracasso algum.

Se você mudar de faculdade ou carreira, não será porque você se enganou na tentativa de descobrir qual era a semente que você carregava consigo. Aliás, esqueça a ideia da semente. Ser jovem não é ser semente; é ser, antes de mais nada, uma narrativa aberta. Imagine que você é o começo de uma história: havia uma moça de 16 anos que gostava dos Beatles e dos Rolling Stones e, um belo dia, ela saiu para fazer sua inscrição no vestibular... Continue. E lembre-se de que uma boa história tem reviravoltas e surpresas.

Em poucas palavras, em vez de tentar descobrir a famosa semente, invente sua vida.

ccalligari@uol.com.br

terça-feira, maio 25, 2010

Governo japonês seleciona brasileiros para estudar no Japão


Segue notinha que saiu no site IPC Digital:
Governo japonês seleciona brasileiros para estudar no Japão

Todos os anos aproximadamente 40 brasileiros vão estudar no Japão com bolsas concedidas pelo governo japonês. A seleção para os cursos de 2011 já começaram. O Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia (MEXT) do país está oferecendo vagas a estudantes do Brasil, de qualquer área, que queiram estudar nas universidades e escolas técnicas japonesas. As seleções acontecem até o final de maio e durante o mês de junho. Atualmente, existem 300 bolsistas brasileiros no país.

Leia a reportagem completa aqui.

domingo, abril 25, 2010

Relembrando o Genocídio dos Armênios



Hoje os armênios lembram os 95 anos do genocídio promovido pelos turcos otomanos que mataram centenas de milhares de pessoas. O Jerusalem Post reproduz a fala de Barack Obama, presidente dos EUA, que classifica o acontecimento como “uma das piores atrocidades do século XX”. Historiadores estimam que cerca de um milhão e meio de armênios foram mortos. A Turquia até hoje nega que o massacre seja um genocídio e aponta que ele foi fruto da guerra civil que abalava a região e de outros conflitos. O genocídio deu origem à diáspora dos armênios. O presidente armênio Serge Sarkisian, em um pronunciamento à nação, qualificou o genocídio como “sem precedentes na sua abrangência, monstruosidade e na gravidade de suas conseqüências”. Em Paris, e a França abriga uma das maiores comunidades de armênios da diáspora, uma cerimônia contando com mais de 1000 pessoas foi dirigida pelo cantor Charles Aznavour, que é embaixador permanente da Armênia junto à UNESCO.

O massacre iniciou no dia 24 de abril de 1915 com o assassinato de cerca de 800 intelectuais armênios. As autoridades otomanas expulsaram os armênios de suas casas e promoveram um massacre generalizado. Segundo estudiosos, trata-se do primeiro genocídio do século XX. O governo da Turquia além de negar o massacre ameaça com sanções diplomáticas os países que pretendem reconhecer o massacre dos armênios como genocídio. O último governo advertido foi o dos EUA, pois há uma resolução tramitando no Congresso Americano com o objetivo de reconhecer o genocídio e contando com o apoio do presidente Obama, o que despertou protestos do governo turco. No último mês, o Governo Sueco aprovou uma resolução semelhante por margem apertada de votos. Segundo o Jerusalem Post, oc países que reconhecem o genocídio são Uruguai, Chile, Argentina, Rússia, Canadá, Líbano, Bélgica, Grécia, Itália, o Vaticano, a Grécia, a Suíça, a Eslováquia, a Holanda, a Polônia, a Lituânia e Chipre. O Brasil não reconhece o genocídio.

Turquia e Armênia não mantém boas relações diplomáticas, tanto por conta do não reconhecimento do genocídio, que para o governo turco se baseia somente em “recordações subjetivas e não em fatos concretos” (*os armênios acusam os turcos de apagarem as evidências*), quanto por causa do apoio dos armênio aos separatistas da região Nagorno-Karabakh. A fronteira dos países está fechada desde 1993. A região pertencia à ex-URSS e passou a ser foco de conflitos entre Armênia e Azerbaijão, com a intromissão dos turcos. Há grande população armênia na região e a intervenção do país teve como justificativa a onda de violência contra este grupo. A República do Nagorno-Karabakh não tem reconhecimento internacional.

EUA abre inscrições para programa Jovens Embaixadores na próxima semana



Leia as instruções e se inscreva, porque vale a pena. Página do programa e para a inscrição, clique aqui.
A embaixada dos Estados Unidos vai abrir as inscrições para o programa Jovens Embaixadores na próxima segunda-feira, dia 26. Em sua 9ª edição, o programa leva aos EUA, durante três semanas e com todas as despesas pagas, 35 estudantes brasileiros e dois professores da rede pública de ensino.

Durante o lançamento oficial da edição 2011 do Jovens Embaixadores, o embaixador Thomas Shannon também vai anunciar os nomes dos jovens embaixadores das últimas edições que ganharam bolsas de estudo para cursos de verão em universidades americanas.

As inscrições podem ser feitas na página dos Jovens Embaixadores no Facebook. O link estará disponível a partir do dia 26 de abril.

O intercâmbio foi criado no Brasil em 2002 e hoje já é replicado em outros 16 países. Desde que foi lançado, 212 jovens brasileiros já foram beneficiados.

Os jovens que querem participar do programa devem:

- ter entre 15 e 18 anos de idade
- estudar na rede pública de ensino
- ter excelente desempenho escolar
- possuir engajamento em atividades de responsabilidade social e de voluntariado há pelo menos 1 ano
- ter boa fluência oral em inglês
- ter iniciativa e sejam comunicativos
- demonstrar flexibilidade e facilidade para adaptar-se a realidades e culturas diferentes
- manter bom relacionamento em casa, na escola e na comunidade
- pertencer à camada sócio-econômica menos favorecida

sábado, abril 17, 2010

Abaixo Assinado - Abertura de Arquivos Ditadura



A OAB-RJ iniciou uma campanha pela abertura dos arquivos da Ditadura Militar. Infelizmente, acho que boa parte deles jpa deve ter sido destruída. São vídeos curtos, contundentes, usando atores e atrizes de sucesso que participam da campanha sem cobrar cachê. Encontrei seis vídeos ao todo. Coloquei três aqui e outros três no meu blog Uma Voz Feminista.

domingo, abril 11, 2010

Jornalismo? Pare e reflita!



Jornalismo a moda da Veja. Chuvas e tragédias em São Paulo, obra da natureza, vontade de Deus. Chuvas e tragédias no Rio de Janeiro, crime político, resultado da política de distribuir barracos em troca de voto. E depois ainda há quem defenda que a Veja é a melhor revista informativa deste país.

sexta-feira, abril 09, 2010

Ganhe Cinema Grátis por 1 ano: “Céu de Brasília é o limite”



E uma câmera da Sony Bloggie. Trata-se de um concurso cultural promovido pelo Terraço Shopping aqui de Brasília. Para concorrer, é preciso fazer um vídeo de 1 minuto com o tema “Céu de Brasília é o limite”. A data de envio - usando o Youtube - é até 30 de abril de 2010. 1º lugar - câmera + cinema por um ano no terraço, 2º lugar - câmera + cinema por 6 meses, 3º lugar - câmera. Quem sabe eu até tente, ma sduvido que consiga fazer um vídeo que preste e em um minuto. :) Link do concurso é este aqui.

sexta-feira, abril 02, 2010

Livro resgata fotos e documentos e revela a real participação feminina nas guerras



Na verdade, se somente na II Guerra, mas não deixa de ser muito importante. Gostaria que foss de uma historiadora, ainda assim, quando for até a Livraria Cultura, devo comprar este livro. A matéria veio da Revista Isto é.

Mulheres no front

Livro resgata fotos e documentos e revela a real participação feminina nas guerras
Natália Rangel

Um numeroso e pouco conhecido exército de guerrilheiras, oficiais, pilotos e atiradoras de elite, todas fortemente engajadas – e armadas – nas batalhas deflagradas pela Segunda Guerra Mundial, é agora retratado em textos e raras imagens no livro “Mulheres na Guerra” (Larousse), do historiador francês Claude Quétel. Ele escreveu sua obra a partir de estudos sobre o assunto que vêm sendo produzidos desde a década de 1970 (a publicação inclui uma rica bibliografia) e lança um novo olhar sobre a participação das mulheres no conflito.

Sua tese é de que a historiografia moderna relega a atuação feminina a um segundo plano e seu objetivo é mostrar que ela esteve presente em todas as dimensões da guerra. Quétel recupera a biografia de importantes personalidades desse período cujas trajetórias foram esquecidas ou nunca documentadas: “As mulheres veem a sua história dissolvida na história dos homens.” Numa das fotos incluídas nesse livro estão duas militares fazendo tricô diante de seus furgões blindados do Exército francês – emblemática da habilidade feminina de se desdobrar das agulhas às armas. O tricô das oficiais do século XX não tem nada do romantismo da mitológica Penélope, que tece enquanto espera o futuro marido chegar de suas homéricas batalhas. Elas tricotam no front e estão a postos no conflito de Garigliano, na Itália.


Entre os personagens destacados no livro está a belga Odette de Blignières, jovem de uma família aristocrática que trabalhou como manequim da Maison Chanel antes de entrar para um grupo internacional de resistência à ocupação alemã. Em 1942, ela contribuiu com transporte e munição para que soldados aliados fugissem pelos Pirineus e alcançassem Londres viajando pela Espanha. Também militou no movimento antifascista italiano ao lado de outras mulheres. Conhecida como a “ciclista que detonava explosivos”, a química francesa Jeanne Bohec foi escalada para trabalhar na confecção de armas de sabotagem. Além de fabricá-las, ela as utilizava para detonar ferrovias e cumpria sua missão in loco de bicicleta. Em 1944, ela estava no grupo que resistiu a um ataque alemão em Saint- Marcel. Jeanne sobreviveu e recebeu honrarias militares ao final da guerra. Outra francesa, Georgette Gérard, entrou para o grupo de Resistência de Lyon e atuou no movimento Combat. Em 1943, ela era a capitã de um grupo de cinco mil guerrilheiros divididos em 120 acampamentos localizados em florestas. Para “inspirar confiança”, se fazia passar por um oficial e se autodenominava “comandante Gérard”. Poucos subordinados sabiam que se tratava de uma mulher.

Em Berlim, uma extraordinária manifestação de caráter antinazista foi protagonizada por mulheres. E deu certo. O protesto de Rosenstrasse envolveu centenas de alemãs casadas com judeus, que reivindicavam a libertação de seus maridos. Após uma semana de intensos motins, Joseph Goebbels libertou cinco mil berlinenses de origem judaica. “O ódio político das mulheres é extremamente perigoso”, teria dito Adolf Hitler. Na União Soviética, onde o alistamento militar feminino já ocorria desde 1925, eram muitas as soldados e atiradoras que assumiam a linha de frente do Exército soviético. Uma delas foi Luba Makarova, atiradora de elite, que ilustra a capa do livro. Ela participou da conquista de Berlim, ao final da guerra, como capitã de um Exército formado por homens. Uma outra jovem soviética, integrante da Juventude Comunista, militou contra a invasão alemã a Moscou. Ativista de um grupo guerrilheiro, Zoia Kosmodemianskaia, 18 anos, organizava sabotagens às tropas alemãs e foi presa após colocar fogo em estábulos do inimigo.

Cruelmente torturada, ela foi enforcada e teve seu corpo exposto publicamente. Um repórter do jornal “Pravda” a fotografou e a imagem de Zoia e sua história a transformaram em “heroína da União Soviética”. Segundo Quétel, o fato serviu de motivação para o Exército Vermelho, que foi insuflado pelo slogan “patriótico”: “Matem o monstro nazista.” Além de narrar as histórias com leveza e sempre incluir um detalhe pessoal ou curioso no perfil de suas personagens, o autor também envereda por temas mais prosaicos. Conta, por exemplo, como a guerra determinou a moda do uso de turbantes e reproduz um relato da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir, famosa adepta do adereço. Ela explica que as frequentes panes de eletricidade inviabilizaram o uso do penteado permanente (o mise-en-plis), e a crise de abastecimento fez desaparecerem os chapéus das lojas. Para não sair de “cabelos ao vento”, que era de mau gosto na época, adotaram-se turbantes. “Apeguei-me a eles definitivamente”, escreve Simone.