segunda-feira, abril 08, 2019

1º TRIMESTRE: FRANCOS


# ORIGENS: Os Francos (bravos) foram um povo germânico que se estabeleceu no século III às margens do Rio Reno. Eram formados por várias tribos e receberam dos romanos as terras entre o Rio Reno e o Mar do Norte na condição de auxiliares. Esta concessão demonstrava a fraqueza dos romanos e a belicosidade dos francos, que logo começaram a expandir seu território às custas dos romanos.

# DINASTIA MEROVÍNGIA: O Rei Meroveu, no século V, juntou forças com os romanos para combater os hunos, o inimigo comum, e é considerado o fundador da primeira dinastia dos francos, a Merovíngia. Seu neto, Clóvis, conseguiu unir todos as tribos francas sob seu governo, e estendeu do rio Some até o rio Loire. Era casado com uma cristã e, depois de vencer uma batalha importante, se converteu ao cristianismo com todo o seu povo. Os francos foram o primeiro povo bárbaro a se converter diretamente do paganismo ao catolicismo romano e tornaram-se o braço armado da Igreja de Roma. Outro personagem importante foi o prefeito do passo, Carlos Martel, que derrotou os árabes, em 732, na Batalha de Poitiers.


Espanha conquistada (Al-Andalus), reinos cristãos no no norte da
Península Ibérica, reino franco e reino lombardo na Itália.
# MORDOMOS DO PAÇO: Com o tempo, os reis merovíngios passaram a ter uma função meramente figurativa e seus mordomos do paço governavam por eles e mesmo comandavam os exércitos. Um desses mordomos do paço, Pepino, o Breve (714-768) depôs o último rei merovíngio, em 752, e iniciou a Dinastia Carolíngia. Durante o seu governo, instituiu o Patrimônio de São Pedro, doando uma série de terras, compradas e conquistadas, ao Bispo de Roma, garantindo-lhe certa autonomia.


Moeda com Carlos Magno imitando os
imperadores romanos cunhada entre 812-814.
# DINASTIA CAROLÍNGIA: O filho de Pepino, Carlos Magno assumiu o trono com a morte do pai e expandiu muito os territórios francos. Construiu escolas (a mais famosa era a Palatina que ficava em seu próprio palácio) que teoricamente poderiam ser frequentadas por qualquer pessoa, mosteiros, catedrais. Encarregou seu conselheiro, Alcuíno de York, de criar uma escrita simplificada, a chamada minúscula carolínea. Reuniu em sua corte uma série de sábios e intelectuais que davam aulas, discutiam filosofia e teologia, escreviam leis promovendo o que ficou conhecido como “Renascimento Carolíngio”.


Os romanos escreviam tudo em maiúsculas e sem espaçamentos.
 No ano de 800, o bispo de Roma, Leão III, o corou Imperador dos Romanos como se em Carlos Magno pudessem tentar reviver a glória da antiga Roma. Carlos Magno chegou a negociar casamento com a Imperatriz Bizantina viúva, Irene de Atenas, mas não obteve sucesso. Além da águia símbolo de Roma, adotou a flor-de-lis que passou a ser o símbolo dos reis de França.
Minúscula Carolínea introduziu letras minúsculas
e espaços que facilitavam a leitura.
 Carlos Magno se preocupou em colocar as leis do Império por escrito, as chamadas Capitulares. A legislação da Igreja passou a ter força de lei no Império Franco. Dividiu a administração do reino em condados, administrados por condes, e marcas (nas fronteiras), administradas por marqueses.   Acima deles, havia os duques, líderes militares que controlavam certos territórios em nome dos reis francos, os próprios monarcas carolíngios ostentavam tal título.  Para fiscalizar a administração desses senhores poderosos e sua fidelidade ao imperador, estabeleceu os missi dominici, funcionários que visitavam todas as províncias do reino.

Leão III coroa Carlos Magno.
#  Carlos Magno manteve as relações de fidelidade germânicas e dividia o espólio das guerras com seus comandados que lhe juravam obediência. Quando conquistava um território também era comum trazer os filhos dos chefes locais para serem educados em seu palácio. Eles eram ao mesmo tempo reféns e tornavam-se bons servidores do Imperador franco.

#  FIM DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO: Carlos Magno morreu em 814, seu herdeiro Luís, chamado de “o piedoso”, não conseguiu manter o governo enérgico de seu pai. Preocupado mais com as questões religiosas do que administrativas, que deixou ao cargo de funcionários, esse príncipe mandou queimar os livros que não fossem considerados cristãos. Enfraquecido politicamente, seus filhos se rebelaram e ele teve que dividir o império com os três filhos, Lotário, Pepino e Luís, se retirando para um mosteiro. Pepino morreu cedo e depois da morte de seu pai, em 840, seu irmão Lotário se recusou a dividir o território com o meio-irmão, Carlos, o Calvo.[1] Os irmãos, Luís e Carlos se juntaram e derrotaram Lotário obrigando-o a assinar o Tratado de Verdun. Este dividia o Império em três partes. Carlos ficou com a parte do Império mais ou menos equivalente à França atual; Lotário ficou com a parte central que abrigava no seu interior o Patrimônio de São Pedro; e Luís ficou com a chamada Germânia.


Império dividido pelo Tratado de Verdun.
# ORIGENS DO FEUDALISMO: A divisão do Império, o enfraquecimento dos reis, os ataques de vikings e magiares, ajudaram na desintegração do Império Carolíngio e na ruralização cada vez maior da Europa, era o início do Feudalismo. Os funcionários de outrora, duques, condes, marqueses passaram ter domínio sobre as terras doadas pelos reis. Estes últimos, sem recursos, passaram a ter poder meramente simbólico. A dinastia Carolíngia chegou ao fim melancolicamente no ano de 987, quando Hugo Capeto encarcerou o último descendente de Carlos Magno e foi aclamado pelos outros nobres como novo rei dos franceses, fundando a Dinastia Capetíngia.


A Canção de Rolando, manuscrito do século XI.
# CARLOS MAGNO, O REI ARTHUR FRANCÊS: Carlos Magno e seus companheiros, Rolando, seu sobrinho morto na Batalha de Roncesvalles (824), Ogier, são lembrados até hoje em canções e lendas que surgiram na Idade Média. Algumas delas dizendo inclusive que quando a França estivesse em perigo o grande rei retornaria para salvá-la dos inimigos.

[1] Luís tinha se casado em segundas núpcias com Judite da Baviera.

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