terça-feira, março 12, 2019

1º TRIMESTRE: ROMA – MONARQUIA


MONARQUIA
(753-509 a.C.)


>> COMENTÁRIOS GERAIS: A monarquia foi o primeiro período da história de Roma e sobre ele não temos muitas informações escritas para além dos mitos que tentam contar a organização nos primórdios de Roma, sua relação com os sabinos, a guerra com Alba Longa, a conquista dos etruscos e a libertação. De concreto podemos afirmar que o período foi marcado pela dominação etrusca e a luta pela independência que resultou na mudança para a república.


Extensão máxima da civilização etrusca.
>> OS ETRUSCOS: Os etruscos eram um povo avançado que vivia na região onde hoje é a Toscana, chamada na época de Etrúria. Sua origem ainda é nebulosa mas acredita-se que tenham vindo da Ásia Menor. Viviam em cidades-estado independentes e sua escrita tinha influência dos caracteres gregos. Mantinham ativo comércio com o sul da península (Magna Grécia) e o Norte da África (Cartago). Sua religião era antropomórfica e adaptava as divindades gregas para a sua realidade (Zeus-Júpiter, Atena-Minerva, Ares-Marte, Hera-Juno, etc). As mulheres etruscas, ao que parece, tinham grande participação na vida pública e grande liberdade. Durante o domínio etrusco Roma sofreu forte influência cultural e foram os invasores os responsáveis pelas primeiras obras de infra-estrutura (drenagem de pântanos, rede de esgotos) na cidade, além da construção do Capitólio e do Circo Máximo. Durante o século VI os etruscos se viram ameaçados por vários invasores (gauleses, gregos, fenícios, etc) e tiveram que relaxar o domínio sobre Roma que acabou por vencê-los. Vários nomes de famílias poderosas romanas tinham origem etrusca, o que aponta para uma mistura entre os dois povos.
Mãe e filho.  Estátua etrusca 500-450 a.C.
>> ORGANIZAÇÃO POLÍTICA: Durante a Monarquia as leis romanas ainda não eram escritas e havia três instâncias de poder estabelecidas pelas tradições e costumes romanos.

**REI: Eleito vitaliciamente, era líder político e militar. Não podia deixar o cargo para seus descentes, ou seja, a monarquia romana não era de caráter hereditário. Pela tradição romana, houve sete reis, dos quais dois eram latinos, dois sabinos e os três últimos etruscos. 

**SENADO: Principal órgão de governo, era composto exclusivamente por patrícios. Era uma assembléia de chefes de clãs, “os velhos” (*senex*), e tinha as seguintes funções: exercer as funções reais enquanto novo monarca não fosse eleito, debater as propostas do rei e acatá-las caso não contradissessem as leis já existentes (a última palavra era do Senado), controlar o poder real, e fazer a lista tríplice de candidatos à monarca.

**ASSEMBLÉIA CURIATA: Era constituída pelos cidadãos, maioria de patrícios, em idade militar. Tinha como funções: impedir a aprovação de projetos que contradissessem as leis da cidade, determinar as concessões de perdão, e eleger o rei a partir da lista tríplice enviada pelo Senado.

>>ORGANIZAÇÃO SOCIAL: A sociedade romana era patriarcal e o chefe de família tinha direito de vida e morte sobre os membros da sua casa (esposa, filhos, agregados, escravos). Toda família venerava seus ancestrais e era fortalecida por ritos religiosos comuns. A religião também servia para reforçar o elo entre os habitantes da cidade. Além disso era estruturada em grupos sociais distintos:
Patrício com seus ancestrais, séc. I a.C.
- Os PATRÍCIOS creditavam-se descendentes dos fundadores da cidade e por força da sua riqueza e tradição militar dominavam a política e eram donos das melhores terras. Roma começou a se estruturar desde cedo, portanto, como uma plutocracia, isto é, um regime governado pelos mais ricos que nessa época eram os patrícios. Veneravam seus ancestrais e faziam o possível para que os plebeus não pudessem ter esse direito à memória que ajudava a manter a união entre os membros da família, do clã e do grupo social.

- Os CLIENTES viviam sob a proteção dos patrícios. Poderiam ser parentes empobrecidos, plebeus, libertos ou estrangeiros. 

- Os PLEBEUS eram a maioria dos habitantes de Roma e se dedicavam às mais diferentes funções (comércio, agricultura, artesanato, etc.). Poderiam ser de origem estrangeira, ou não. Aliás, isso pouco interessava aos patrícios que faziam o possível para que os plebeus não pudessem ter participação expressiva na política.

- Os ESCRAVOS eram em pequeno número nessa época, podiam ter origem estrangeira ou serem indivíduos que perderam a liberdade por causa das dívidas.


Tarquínio e Lucrécia.  Ticiano, c. 1571.
>> A Monarquia romana tem um mito para justificar o seu fim.  Lúcio Tarquínio Colatino tinha uma esposa muito virtuosa chamada Lucrécia.  De tanto elogiar publicamente sua esposa, Sexto Tarquínio, filho do rei Tarquínio, o Soberbo, apaixonou-se por ela.  Sabendo que seu marido estava ausente, foi até a casa de Lucrécia.  Em algumas versões, ele bateu à porta e ela ofereceu-lhe a devida hospitalidade, em outras, ele invadiu a casa e a surpreendeu em seu quarto.  Tarquínio tentou seduzi-la e sendo rechaçado, passou a ameaçá-lo com uma faca.  Quando viu que a simples ameaça de morte não a convencia a ceder, Tarquínio disse que iria desonrá-la e a seu marido: ameaçou matá-la e assassinar também um escravo para que ficasse a impressão de que havia sido flagrada na mais infame forma de adultério. Lucrécia cedeu, mas, depois que Tarquínio partiu, mandou chamar o marido e seu pai e contou-lhes o sucedido. Em seguida se matou na frente deles.  O estupro de Lucrécia chocou o povo e o exército romanos, que liderados por Lúcio Júnio Bruto exilaram Tarquínio, o Soberbo e seus filhos e deram início à República Romana.

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